Sunday, January 30, 2011

Poema de Sábado (no Domingo)

Soneto ao Inverno

Inverno, doce inverno das manhãs
Translúcidas, tardias e distantes
Propício ao sentimento das irmãs
E ao mistério da carne das amantes:

Quem és, que transfigura as maçãs
Em iluminações dessemelhantes
E enlouqueces as rosas temporãs
Rosa-dos-ventos, rosa dos intantes?

Por que ruflaste as tremulantes asas
Alma dos céu? o amor das coisas várias
Fez-te migrar - inverno sobre casas!

Anjo tutelar das luminárias
Preservador de santas e de estrelas...
Que importa a noite lúgubre escondê-las?

Londres, 1939

(Vinícius de Moraes, do livro
 Livros de Sonetos, pag. 28)

Monday, January 24, 2011

The Mystery of Edwin Drood (Charles Dickens)

Antes mesmo de começar a história, fiquem logo sabendo, queridos leitores, que a história não tem final. Rs. O Mistério de Edwin Drood foi o último livro escrito por Charles Dickens, que morreu antes que a história fosse concluída, em Junho de 1870, fazendo que com que o Mistério de Edwin, continuasse eternamente não-resolvido.

A primeira parte da história gira em torno do noivado arranjado de Edwin Drood e Rosa Bud. Arranjado pelo pai de Rosa à beira da morte, quando os dois ainda eram infantes. Edwin é adorado pelo tio John Jasper, que criou o sobrinho desde a morte de seus pais, adorado de tal forma que Jasper mantem um diário de todos os fatos e passos de Drood. Rosa Bud, após virar órfã, foi enviada para o convento de Miss Twinkleton, de onde só sairia após o casamento com Drood quando atingisse a maioridade.

Meses antes do possível dia do casamento de Edwin e Rosa, Neville e Helena Landless chegam à cidadezinha. A história dos dois é logo espalhada, perderam os pais cedo, foram criados por um amigo carrasco da família, cresceram selvagens e com poucos recursos, foram passados de mão em mão até que Sr. Honeythunder veio entregá-los nas mãos do Reverendo Crisparkle. Neville é daqueles que não leva desaforo para casa, não tolera desrespeito e hipocrisia - o que bate de frente com o esnobe Edwin Drood - cabe aqui uma explicação do caráter de Drood... ele, apesar de protagonista, não é um personagem com quem o leitor simpatiza muito - pelo menos eu não simpatizei com ele - ele tem um ar de superioridade, não é nada humilde, e trata com desdém os que não são de seu círculo.

"Neville Landless já bastante impressionado pela pequena Rosebud (que a tradução seria Botão de Rosa),  sentia-se indignado pelo fato de que Edwin Drood (obviamente inferior a ela) carregava esse prêmio com tão pouco valor. Edwin Drood já bastante impressionado por Helena, sentia-se indignado que o irmão de Helena (obviamente inferior a ela) portava-se tão confortávelmente, excluindo-o completamente da situação" (pag. 69)
Neville se apaixona pela delicada e desprotegida Rosa na primeira e única vez que a vê. Edwin é cativado pela forte e determinada Helena Landless. Neville desde já detesta Edwin e o sentimento é mútuo, e não demora muito para que os dois, após uma discussão que quase acaba em morte, virem inimigos mortais. Helena é entregue às mãos de Miss Twinkleton, e logo, logo, torna-se a melhor amiga de Rosa.

A reviravolta na história acontece quando Rosa decide desmanchar o noivado com Edwin, poucos meses antes do dia "D". Edwin desaparece do mapa no dia seguinte, e aqui nasce o maior mistério do século XIX! Teria Edwin sido morto? Teria ele partido por conta própria? Quem o teria assassinado? Seus pertences foram encontados no rio do centro da cidade, e o primeiro suspeito, logicamente, foi Neville Landless.

The Mystery of Edwin Drood foi o livro escolhido para o BookClub de Dezembro, para ser discutido na Feira de Natal do Charles Dickens. No entanto, nenhuma de nós conseguiu terminar de ler a tempo para a feira... na verdade, a narrativa é bem lenta, os diálogos super longos que chegam a ficar chatos e cansativos, não conseguia ler mais que 4, 5 páginas por noite. A história tem de altos e baixos mas nenhum deles prendem muito a atenção do leitor. O fato de o final não ter um final, permite que a imaginação corra solta (e para mim, esse foi o fato mais excitante da história!)... a Edição que comprei tem uma segunda parte "não-oficial" - O Julgamento de John Jasper - o que conclui expeculando que tio de Edwin, John Jasper, tenha sido o assassino.

Eu pensei em dois possíveis finais:
1. Edwin Drood não morreu, partiu covardemente por não tolerar a idéia de que ele levou um chute no traseiro daquela criatura que ele pensava não ter pensamentos próprios... era orgulhoso demais para aceitar o fato de que, depois de todos esses anos se preparando para carregar aquele peso, terminaria sem ela e sem o dinheiro da herdeira. Estaria provavelmente viajando pelas ilhas caribenhas, bebendo Piña Colada.

2. Se Edwin Drood realmente morreu, Helena Landless foi a culpada. Neville era aberto demais, falava o que pensava, e como diz o ditado: "Cão que late, não morde!" Todos sabiam o quanto os dois não se gostavam, mas Neville não teria sido capaz de matar Edwin. Helena, por sua vez, seria o assassino perfeito. Por várias vezes durante a história, Helena foi mencionada como uma mulher de personalidade forte, que mesmo parecendo frágil, era única pessoa que conseguia controlar o compartamento do irmão. O motivo? Ela sabia que Neville estava apaixonado por Rosa. Tornou-se a melhor amiga de Rosa, aos poucos conseguiu convercer a amiga de que casar com Edwin não era o que Rosa queria, Drood havia dito a Rosa que deixaria a cidade...


E vocês, o que acham?

"Suportei tudo isso em silêncio. Por todo o tempo em que foste dele, ou pelo tempo que eu pensei que foste dele, escondi meu segredo honradamente. Não escondi?" (pag. 206)

Saturday, January 22, 2011

Poema de Sábado

Do Belo

Nada, no mundo, é, por si mesmo, feio.
Inda a mais vil mulher, inda o mais triste poema,
Palpita sempre neles o divino anseio
Da beleza suprema...

(Mario Quintana,
do livro Espelho Mágico,
pág. 29)

Saturday, January 15, 2011

Poema de Sábado

Ontem recebi meus presentes de Natal do meu pai... demorou quase 2 meses para chegar mas eu não perdi as esperanças! Entre tantos livros e coleções de meus autores favoritos, recebi a coleção do poeta Amazonense Gaitano Antonaccio, e para minha surpresa, cada um dos 12 livros dele vieram autografados e carinhosamente dedicados a mim! Nem preciso dizer quão feliz e surpresa fiquei, nem consegui controlar as lágrimas pela honra de agora possuir suas obras, sabendo que Antonaccio sabe o quanto admiro suas linhas e poemas de amor.

Compartilho com vocês hoje o poema "Você é vida" que li pela primeira vez aos 14 anos de idade, quando tomei posse do meu primeiro livro de poesias do Gaitano Antonaccio - Estafas de Amor - e instantaneamente passei a ser admiradora. Gaitano, estou imensamente agradecida pela atenção e carinho.

Você é Vida

Você é qual a doce primavera
Desaparece, mas ressurge sempre
Mais bonita, mais excitante!

Mulher com voz de menina
Jeito de criança, vaporosa e ágil,
Trejeito de inocência na maturidade,
Fêmea com excesso de feminidade.

Sílfide alegre como as flores,
Esplendorosa como as estrelas,
Trepidante como as ondas, e,
Suave, como o andar das nuvens.

Possui a temperatura do sol
E a emoção de um imenso mar.

Espero que nessa paisagem confusa,
Você não esqueça o meu amor,
Porque amo mais você que a vida.

E você sem dúvida, é vida!...

Monday, January 10, 2011

Let the Right One In (John Adjive Lindqvist)

Esse livro foi escolha do BookClub para o mês de Novembro. Eu comprei o livro relutante para ler a história, havia visto o trailer do filme, o que já havia me desencorajado a ler - outro livro sobre vampiros! - e o filme parecia ser bem macabro - detesto filmes de suspense/terror -  por puro medo mesmo, noites sem dormir! rs.

Oskar é um adolescente rejeitado por seus colegas de classes, que o humilham e o espacam sempre que têm oportunidade. Acuado e sozinho, Oskar precisa arranjar um meio para externalizar suas frustrações e a raiva guardada dentro de si durante todos esses anos de rejeição. É durante uma das noites em que se mete no meio da floresta para descontar suas angústias em troncos de árvores que Oskar conhece Eli, a nova vizinha do apartamento ao lado.
"(...) Fará com que ele peça, implore por sua vida, grite como um porco, mas em vão. A faca terá as últimas palavras e a terra beberá o seu sangue. Oskar havia lido essas palavras num livro e gostou delas. A terra beberá o seu sangue." (pag. 22)
Enquanto a amizade de desenvolve, crimes acontecem em outras cidadezinhas próximas a Blackeberg. Adolescentes são encontrados mortos de maneira bizarra, cruéis. A mãe de Oskar, super protetora, controla os passos do filho, sem saber que o perigo mora, literalmente, ao lado.

Desde o início Oskar notou que Eli tinha algo de diferente. Usava o mínimo de roupa mesmo quando os termômetros marcavam temperatura abaixo de zero. Na primeira vez que encontrou Eli, havia um odor insuportável vindo da nova amiga. As janelas do apartamento da vizinha eram todas cobertas, Eli só aparecia a noite e nunca esclarecia que tipo de relacionamento tinha com Hakan, o homem com quem morava, que Oskar assumiu ser o pai. Fora que parecia tão madura e inteligente para uma menininha de 12 anos.

O livro não tem nada de assustador. O que me incomodou na história foi o fato de haver prostituição infantil e pedofilia. Os primeiros capítulos são nojentos, de mau gosto - fator nº 01 que excluído do filme. Quem assiste apenas o filme não consegue entender o que ELI realmente é, menino/menina/hermafrodita? E o livro explica como e quando Eli se tornou o que é - fator nº 02 excluído do filme. A leitura é crua, o vocabulário coloquial, vai direto ao ponto. As histórias paralelas do livro, que eu pensei que iriam levar a alguma conclusão no destino dos protagonistas, no final não têm nenhuma ligação com os mesmos, a não ser pelo fato de que Eli ou se alimentou, ou tentou se alimentar de um deles.

Eu não assisti o filme, mas de acordo com as minhas 2 companheiras que assistiram o filme - uma delas, Jéssica, foi a que escolheu o livro para o BookClub, o filme é melhor que o livro (uma exceção à regra!) por excluir da história aqueles momentos "Ah, que vergonha! e Ah, que nooojo!" - fatores 01 e 02 que citei anteriormente.

No final da história o leitor tem que fazer uma retrospectiva de todos os eventos para julgar e decidir quais os reais motivos por trás do último ato de Eli. Eu, particularmente, não vi o final cheio de romantismo. Pra mim, seus atos foram calculados. Eli fez o que fez porque não tinha mais Hakan para ajudá-la e logo, logo alguém precisaria alimentar aquela fera.

"Deixe alguém entrar e ele te machucará. Esse é um dos motivos pelo qual ela mantinha seus relacionamentos curtos. Não os deixe entrar. Uma vez dentro, eles têm mais chances de te machucar. Conforte-se. Conseguirás viver com a angústia contanto que a angústia seja só sua. Contanto que não tenha esperança." (pag. 220)

Sunday, January 9, 2011

Resumo do Ano - 2010

Cá estou eu, bem atrasada para compartilhar com vocês meu resumo do ano. 2010 foi um ano de novas experiências, BookClub continuou firme e não tão forte com essa vida corrida que todas nós levamos mas conseguimos assegurar algumas boas reuniões e algumas boa e não tão boas leituras.

Li 31 livros e desisti de 1 (escolha do Clube do Livro, todas nós desistimos porque não dava para forçar!).

01. Wuthering Heights (Emily Brontë)

02. Bloodsucking Fiends (Christopher Moore)

03. Storm Front (Jim Butcher)

04. O vendedor de Sonhos e a Revolução dos Anônimos (Augusto Cury)

05. A Cabana (William P. Young)

06. Love the one you're with (Emily Giffin)

07. Lua Nova (Stephenie Meyer)

08. Three Cups of Tea (Greg Mortenson & David O. Relin)

09. Anna Karenina (Leo Tolstoy)

10. Amar, verbo intransitivo (Mário de Andrade)

11. The age of Innocence (Edith Wharton)

12. Ciranda de Pedra (Lygia Fagundes Telles)

13. East of Eden (John Steinbeck)

14. As Três Marias (Rachel de Queiroz)

15. The girl with the dragon tattoo (Stieg Larsson)

16. Jacob's Room (Virginia Woolf)

17. Alice's Adventures in Wonderland & Through the Looking-glass (Lewis Carroll)

18. The Tale of Murasaki (Liza Dalby)

19. A tree grows in Brooklyn (Betty Smith)

20. Life of Pi (Yann Martel)

21. Girl with a pearl earring (Tracy Chevalier)

22. The Shadow of the Wind (Carlos Ruiz Zafón)

23. The Falls (Joyce Carol Oates)

24. Boom! (Mark Haddon)

25. The girl who played with fire (Stieg Larsson)

26. Clarice na Cabeceira (Clarice Lispector)

27. Captive (Clara Rojas)

28. Lost in Austen (Emma Campbell Webster)

29. Literacy and Longing in L.A. (Jennifer Kaufman & Karen Mack)

30. The curious incident of the dog in the night-time (Mark Haddon)

31. Let the Right One In (John Ajvide Lindqvist)

Não me arrependo e leria de novo!!! - Ficção: A tree grows in Brooklyn e ambos da Coleção do Stieg Larsson.

Não me arrependo e leria de novo!!! - Não-Ficção: Three Cups of Tea (Greg Mortenson & David O. Relin)

Preferia não ter lido!: Lua Nova (Stephenie Meyer)

Li mas não convenceu: Captive - "Eu, prisioneira das Farc"  (Clara Rojas)

Decepção: The Falls - "As Cataratas" (Joyce Carol Oates)

O melhor do ano: The Shadow of the Wind - "A sombra do Vento" (Carlos Ruiz Zafón)

E que venha 2011 e todas as suas surpresas de leitura!