Friday, October 8, 2010

Captive (Clara Rojas)

Após meses de uma longa espera consegui ler Captive - "Eu, prisioneira das Farc", em português. Li um pouco sobre a história em alguns blogs ano passado e os comentários me chamaram muita atenção... esperei ansiosamente pela tradução para o inglês, o que aconteceu em maio desse ano, e em julho o livro chegou às livrarias americanas.

"FARC, formada em 1964, é uma organização revolucionária Marx-Lenista da qual fazem parte entre 9 mil a 12 mil combatentes armados e mais outros milhares de incentivadores, em sua maioria na parte rural do sudeste e oeste colombiano." (pag. 8)

Clara Rojas, gerente de campanha da candidata a presidência da República da Colômbia, e a própria candidata, Ingrid Betancourt são sequestradas em 2002 pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - as FARC. São 6 anos sob o controle (ou descontrole) do grupo revolucionário até que por intermédio de vários políticos, embaixadores, forças de paz, etc., Clara é libertada.

Durante o tempo em cativeiro Rojas passa por muitos mal-bocados, entre doenças, estresse físico e mental,
há também a delicada situação de que Clara engravida enquanto sequestrada - fato que ela menciona desde o início do livro mas as perguntas nunca são ou serão respondidas... Quem é o pai? Como aconteceu? Porque?

"Como grande parte dos habitantes da Colômbia, eu tinha familiaridade com a tragédia e o drama humano causado por sequestros, mas era algo que se ouvia sobre e que nunca se chega a pensar que pode acontecer com você." (pag. 25)

O livro conta a história de forma progressiva, os dias antes do dia D, durante, e depois. A história é chocante, como não poderia deixar de ser quando se leva em consideração o fato de que uma pessoa foi privada de sua liberdade por 6 infinitos anos, presa dentro de uma floresta do meio da selva amazônica, enfrentando os perigos de um lugar ermo, sob intensa pressão psicológica e sem nenhuma noção do que esperar para o futuro.

Porém, eu honestamente não consegui gostar de Clara Rojas, eu simpatizei com o que ela sofreu, admiro sua coragem e persistência, o instinto de sobrevivência especialmente após nascimento de Emmanuel, mas não simpatizei com a Clara Rojas, como pessoa. Não sei se foi efeito da tradução, que cá pra nós, foi bem ruim, mas o modo com o qual a história foi contada (ou traduzida) não me fez simpatizar com Rojas, senti que ela se faz o tempo todo de vítima, e ela toma uma atitude de superioridade em relação aos outros sequestrados, como se ela fosse melhor que eles e merecesse melhor tratamento que os demais.

Achei os comentários que ela fez sobre os outros sequestrados exagerados e um tanto maldosos, e alguns outros comentários feitos, por exemplo, sobre a alimentação ou o espaço físico um tanto superficiais... sem deixar de mencionar que ao ser salva do ataque de uma cobra gigante, ao ver a cobra ser carregada por membros da guerrilha, ela comenta que a cobra "daria uma ótima bolsa!"... faça-me o favor, né?!

A história é verdadeira e é toda dela, tendo a mesma o direito de expressar-se da maneira que melhor achar, mas o leitor não deixa de notar a atitude da escritora nas entrelinhas de seus desabafos, um pouco mais de humildade não faria mal a ninguém - opinião também compartilhada por minha amiga Jennifer, a quem eu dei o livro de presente de aniversário bem antes de eu comprar o meu exemplar.

"Falaram sobre um grande drama e história de amor acontecidos na selva. A única verdade em tudo isso é que eu tive um filho em cativeiro. Isto é um fato. Qualquer outra coisa é pura conversa." (pag. 124)
Se você já leu o livro e quer compartilhar a opinião (especialmente se for contrária) favor sinta-se a vontade.

Compartilho com vocês o video que encontrei no YouTube, Clara e o filho, Emmanuel.

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