Wednesday, July 14, 2010

Life of Pi (Yann Martel)

"Precisava parar de ter esperança de que um navio me resgataria. Não deveria contar com ajuda alheia. Sobrevivência tinha que começar comigo. Na minha experiência, o maior erro de um náufrago é ter esperança demais e agir de menos." (pag. 225)

Life of Pi, A vida de Pi, de Yann Martel conta a emocionante história de Piscine Molitor Patel, um menino indiano de 16 anos, que tem o navio em viajava com a família rumo ao Canadá naufragado em meio ao Oceano Pacífico. Pi é o único sobrevivente racional, jogado num bote salva-vidas por membros da tripulação na correria do naufragio.

Digo racional porque a família Patel era proprietária de um zoológico na região de Pondicherry. Quando a crise da década de 70 começou na Índia, o pai decide vender o zoo e mudar com a família para o Canadá, alguns dos animais haviam sido comprados por zoológicos na América e no Canadá... o navio em que viajavam era cargueiro, como carga vinham a família Patel e os animais do zoológico.

Também foram jogados no bote salva-vidas uma zebra, uma hiena e um orangotango... mais tarde, quando o choque e o desespero começam a acalmar e a fome começa a atacar, Pi descobre que há também um Tigre de Bengala a bordo... Richard Parker, o tigre que Pi salvou do afogamento logo no início da viagem.

"Eu era agora um assassino. Eu era agora tão culpado quanto Caim. Eu tinha 16 anos, um menino que nunca machucou ninguém, viciado em livros e religião, e agora eu tinha sangue em minhas mãos. É um peso horrível de carregar. Toda vida consciente é sagrada. Nunca esqueci de incluir aquele peixe em minhas orações." (pag. 245)
A hiena come a zebra e o orangotango, Richard Parker come o resto dos dois mais a hiena... o dilema de Pi não é apenas o de sobreviver à deriva, sob sol, tempestade, escassez de comida e água, mas fazer tudo isso enquanto há um tigre de 200 kg com ele num pequeno bote.

Richard Park e Pi sobreviveram por 227 dias no mar.

O início do livro não prendeu muito minha atenção, até pensei que ia me arrepender da leitura quando o tópico religião começou a aparecer 'mais que frequentemente' na história - eu tenho uma certa aversão ao tópico em obras literárias, apesar de que as religiões mencionadas foram ricamente detalhadas e o ponto de vista de Pi, bem como seu entender sobre Deus e as religiões me agradou bastante - há também um diálogo paralelo no intervalo de capítulos que eu não entendi muito bem no início mas que se auto-explica um pouco antes do capítulo sobre o naufragio.

Os capítulos pós-naufrágio são super intensos, aliás toda a jornada dali em diante faz com que não se queira parar de ler. Antes do início do livro há as notas do autor e tudo dá a entender que a história é não-ficção, histórias sobre outros naufrágios famosos são mencionadas com suas respectivas datas e o tempo que levou até o resgate dos náufragos, o que me fez pensar que a história fosse realmente verdadeira... e devo confessar que após terminar o livro e pesquisar sobre a obra e o personagem na internet, e descobrir que tudo nada mais é que ficção, fiquei um pouco decepcionada.

Deve ser por causa disso que li tantas críticas negativas na pesquisa que fiz, porque o leitor realmente se envolve com a história e acredita que tenha sido verdade. Sofre-se com o Pi, angustia-se com os eventos de cada capítulo, sente-se medo, alívio, dor... Yann Martel  tentou fazer um jogo para confundir a cabeça do leitor mas que para muitos resultou em frustração e decepção.

Life of Pi foi lançado em 2002 e ganhou o prêmio Booker no mesmo ano. A polêmica de plágio surgiu quando o escritor brasileiro Moacyr Scliar declarou que a idéia da história foi copiada de seu livro Max e os Felinos, de 1981, em que um alemão cruza o Atlântico com um jaguar, mais tarde Scliar decidiu não processar Martel. Yann Martel nasceu na Espanha e mora em Montreal. Life of Pi foi seu terceiro livro. Uma versão para o cinema está prevista para 2011.

* Livro da Lista Rory Gilmore.

1 comment:

Marcello Lopes said...

Oi Ju..

Fiquei interessado na trama.

Beijos