Inverno, doce inverno das manhãs
Translúcidas, tardias e distantes
Propício ao sentimento das irmãs
E ao mistério da carne das amantes:
Quem és, que transfigura as maçãs
Em iluminações dessemelhantes
E enlouqueces as rosas temporãs
Rosa-dos-ventos, rosa dos intantes?
Por que ruflaste as tremulantes asas
Alma dos céu? o amor das coisas várias
Fez-te migrar - inverno sobre casas!
Anjo tutelar das luminárias
Preservador de santas e de estrelas...
Que importa a noite lúgubre escondê-las?
Londres, 1939
(Vinícius de Moraes, do livro
Livros de Sonetos, pag. 28)
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