Wednesday, June 12, 2013

The Dry Grass of August (Anna Jean Mayhew)



Confesso que escolhi esse livro por causa da capa. Gente, que capa linda! Até hoje não consigo parar de olhar.

A história faz jus a capa do livro. É contada em primeira pessoa por nossa protagonista June Watts - Jubie - e tem como tema central a segregação racial da década de 50 no Sudeste dos Estados Unidos vista pelos olhos dessa menina de 13 anos.

Jubie é uma narradora perfeita e uma personagem super carismática. Diria além... ela é uma observadora nata, inteligente, humana, seu temperamento e comportamento são o oposto da delicada Stell (irmã mais velha e queridinha da família). Jubie sofre nas mãos do pai que a espanca sempre que tem uma chance - essas cenas são tão bem narradas que o leitor sente as dores com ela, a cada batida do cinturão, da fivela do cinto nas pernas dela dá aquele aperto no coração.

''Mary veio trabalhar conosco quando eu tinha cinco anos, a primeira pessoa de cor que conheci. Estudei aquela mulher alta que ocupava nossa cozinha, ocupada na pia ou na máquina de lavar ou passando roupa. Seus dedos grossos, marrons em cima e claros na parte de baixo, tecia as crostas das tortas de maçã, trocava as fraldas da minha irmãzinha mais nova, e carregava cestos de roupa molhada. Quando me pegou espiando detrás da porta da cozinha, ela acenou.'' (pag. 31)

Segunda filha de um total de 5, Jubie cresce sob os cuidados da criada negra Mary, também muito carismática, que tem praticamente o papel de mãe, e faz por aquelas crianças o que a mãe nunca tem tempo de fazer, dar amor.

Mama, Jubie, os irmãos e Mary viajam da Carolina do Norte para a Flórida para passar as férias de verão de 1954 com o Tio Taylor. Durante a viagem Jubie percebe com mais evidência a pressão de ter uma negra como parte do grupo, e tragicamente se vê testemunha do quão cruel o ser humano pode ser. Jubie e Stell tem sua inocência roubada pelos eventos daquela noite que poderiam ter sido evitados não fosse a insistência de Stell.

A história é forte, o leitor vira testemunha do crescimento do personagem de Jubie no decorrer da narrativa e acompanha com ela os dramas de uma família desestruturada e que luta para manter as aparências. Temas como alcoolismo, infidelidade, racismo (claro), impunidade vão aparecendo ao longo da história, e Jubie se vê diante de um mundo que não lhe dá tempo para aprender, seu amadurecimento é forçado, e o aprendizado é árduo, mas ela é corajosa e faz o que pode para honrar a memória daqueles que ama.

Gostei da história, a leitura é rápida e agradável (apesar dos temas do enredo), no entanto, esse tema é abordado em tantos livros que no final senti que a história não era nova. Não sei se foi porque eu havia lido recentemente The Secret Life of Bees (A Vida Secreta das Aberlhas) da Sue Monk Kidd, daí teve o filme The Help (A resposta), também baseado no livro homônimo da Kathryn Sockett. Então o assunto ficou um tanto saturado para mim. Mas é como o tópico do holocausto né, há sempre uma forma diferente de relatar, um outro aspecto para apresentar, e não quer dizer que não vale ler. Claro que vale!
''O pastor voltou-se para olhar para o homem. 'Essa é a verdade, diácono Hull. Ódio matou nossa irmã. Mas a vida de amor que ela viveu triunfará sobre o pecado que a tirou de nós'.'' (pag. 228)

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