Monday, November 21, 2011

The Secret Life of Bees - A Novel (Sue Monk Kidd)

Outro livro da lista da Rory Gilmore, yey! Esse foi um dos poucos livros que li após assistir o filme. O filme até que é fiel ao livro, em sua maioria, mas romantiza ou ameniza momentos cruciais da história. Não entendi o porque de escolherem a loirinha Dakota Fanning como Lily Melissa Owens, talvez para reforçar o conflito racial que acontece na história?


"Minha primeira e única memória da minha mãe é do dia que ela morreu. Tentei por muito tempo formar uma imagem dela de antes, pelo menos um pedacinho, como quando ela me levava pra cama, lia as aventuras do Tio Wiggly, ou pendurava minhas roupas perto do aquecedor nas manhãs congelantes." (pag. 5)


Passada em 1964 na Carolina do Sul, a história narra o drama familiar de Lily Owens, perseguida pela dúvida de ter ou não ter acidentalmente assassinado a mãe quando criança. Com um pai bruto e indiferente, Lily é criada pela babá negra Rosaleen.

Pausa na história para analisar o período histórico. 1960 foi um período marcado por manifestos contra a segregação racial. Apesar de não ser o centro da história, a narrativa faz referência ao apartheid americano, a violência cometida contra negros pelo KKK (Ku Klux Klan), e os movimentos contra a segregação que culminaram com a aprovação do Ato dos Direitos Civis de 1964.

Quando Rosaleen tenta exercitar seu mais novo direito adquirido de votar, é espancada e presa pelos brancos racistas da cidade. Lily Owens sabe que a vida da criada corre perigo, e buscando ela mesma livrar-se das crueldades de T. Ray, fogem da cidade em direção a Tiburon, cidadezinha da qual nada sabem, com exceção de que é a cidade estampada na foto da Madonna Negra encontrada na caixinha com os únicos pertences restantes da mãe de Lily, Deborah.

São acolhidas pelas irmãs Boatwright, August, June e May, criadoras de abelhas e adoradoras da Madonna Negra. August é a mãezona, prudente e sábia, respeitada na comunidade, é lider do grupo de adoradoras. Mesmo sendo uma mulher forte, ela mantém sua feminilidade, e lê Charlotte Bronte; June esconde um rancor pelos homens, seus sentimentos são expressos através de seu violino, a dor interna é aclamada em forma de música; May carrega os sofrimentos do mundo em seus ombros, ela ama a tudo e a todos, e não suporta as injustiças e a falta de amor do mundo. Ela é doce, é inocente, e para suportar suas dores, escreve-nas e as esconde em seu próprio "muro das lamentações".

"Pode-se dizer que nunca tive um momento verdadeiramente religioso, daqueles que você sabe que há uma voz falando diretamente com você, que te fala tão genuinamente que é como se as palavras brilhassem nas árvores ou nas nuvens. Mas eu tive um momento desses bem ali, em pé no meu próprio quartinho comum. Escutei uma voz que dizia, Lily Melissa Owens, seu pote está aberto." (pag. 41)


Com as irmãs Boatwright, Lily aprende não apenas os segredos da vida das abelhas, mas também o poder da transformação através da paciência e do amor. A cura de feridas como perda, traição e a falta de amor. A história traz personagens femininos fortíssimos, e esses mesmos personagens se juntam para curar suas feridas, cuidando uma das outras e criando um santuário com valores familiares e respeito, um verdadeiro lar. A importância de escolher o que realmente importa.


Como mencionei, a história traz personagens femininos fortes, em contrapartida, não há nenhum personagem masculino positivamente forte - o que foi motivo de crítica a obra pela platéia masculina. Além do pano de fundo de cunho político, a história tem também um forte apelo religioso, o que me incomoda um pouco em romances. Quando citei acima que o filme romantiza alguns pontos críticos da história, refiro-me especialmente ao final do filme que foi alterado. T. Ray é cruel do início ao fim, e apesar de o filme tentar transmitir uma mensagem de esperança, de que as pessoas suavizam, mudam, não é isso que acontece na versão original.

"A maioria das pessoas não têm idéia da vida complicada que acontece dentro de uma casa de abelhas. Abelhas têm uma vida secreta sobre a qual não temos a menor noção. (...) Eu amei a idéia de as abelhas terem uma vida secreta, do mesmo jeito que eu estou vivendo." (pag. 148)


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