Tuesday, October 27, 2009


"(...)ele se viu diante da estranha opção de ir tomar seu lugar no buraco da janela da capela, nem que fosse apenas pelo prazer de fazer uma careta para aquela multidão ingrata. 'Mas não,' ele disse para si mesmo, 'isso seria indigno; vingança não! Lutaremos até o fim. O poder da poesia sobre as pessoas é enorme. Conseguirei trazê-los de volta. Veremos qual dos dois vencerá - caretas ou belas-letras."
(O Corcunda de Notre-Dame, Victor Hugo - pag. 50)


Estava lendo a entrevista do Secretário de Segurança do Rio de Janeiro sobre a violência na cidade - após a derrubada do helicóptero da PM pelos traficantes - a entrevista me fez lembrar desse trecho de "O Corcunda de Notre-Dame" com a sutil ironia de Victor Hugo sobre a Política do Pão e Circo.

Dá a Copa do Mundo, dá Olimpíadas e o brasileiros esquecem da Guerra Civil no RJ, esquecem a desmatação da Amazônia, a corrupção descarada em Brasília, do sistema de saúde falido, dos analfabetos funcionais...

E Victor Hugo lá atrás em 1830 (por aí) já ironizava os franceses por terem memória seletiva em relação aos assuntos que realmente importam para a nação... mas logicamente que Pão e Circo nos remete ao Séc. III durante Império Romano... dá os gladiadores, joga pão que os romanos esquecem toda a miséria que vivem e ainda adoram o imperador!

Não é de indignar que uma prática tão antiga ainda seja usada?
E o pior, a população ainda cai! Dizem que nada se cria, tudo se copia... Tá na hora de copiar outras idéias porque ESSA levou o Império Romano a decadência e a França a uma Revolução...

Revolução... talvez seja isso mesmo que nós, brasileiros, precisamos!

1 comment:

Andréia M. G. said...

Concordo com cada palavra que você escreveu. Chega de pão de circo. Sou totalmente contra a realização desses eventos esportivos de alta monta no Brasil, não porque seja desfavorável ao esporte, ao contrário, gostaria, inclusive, que houvesse mais incentivo aos esportes no Brasil, porque aqui boa parte dos investimentos em todos os aspectos se direcionam ao futebol, contudo, acredito que existem outras necessidades prioritárias que precisam ser resolvidas antes de se pensar em investir tão alto para recepcionar tais eventos esportivos, afinal, depois que o "circo" for embora, é bem possível que falte até dinheiro para o "pão".