Wednesday, October 14, 2009

The Time Traveler's Wife (Audrey Niffenegger)

Estava super ansiosa para comentar sobre esse livro, principalmente porque ainda tive tempo de ver o filme antes de sair dos cinemas para fazer uma comparação!


The Time Traveler's Wife (A esposa do viajante do tempo) bregamente traduzido para português como Te Amarei para Sempre - ainda com o terrível erro gramatical - conta a história de Henry DeTamble e Clare Abshire, os narradores-personagens.


Henry tem um problema... ele viaja pelo tempo. A primeira viagem acontece aos 4 anos quando à caminho do aeroporto, Henry e a mãe sofrem um acidente de carro. Mais tarde descobre-se que é uma doença cerebral, meio que comparada a epilepsia, Henry não tem controle sobre quando vai acontecer ou para onde vai mas sabe-se que há uma relação das viagens com forte tensão ou stress. Outro detalhe é que Henry não pode mudar nenhum acontecimento do passado, porque de fato, eles já aconteceram.


O modo como a autora apresenta a história, apesar de interessante, por vezes deixa o leitor confuso. Voltando no tempo, indo para o futuro, escrevendo sobre o presente. Tive que re-ler alguns capítulos e checar as datas para que os acontecimentos fizessem sentido.

No início tem-se a impressão que existem 2 Henrys - o que na verdade, é verdade - existe o Henry do presente - que ainda não conhece Clare, que trabalha na biblioteca Newberry, que é mulherengo, alcoólatra e festeiro - resultado do trauma da perda da mãe durante a infância e o abandono do pai após a morte da mãe; e o Henry do passado/futuro, que é o experiente, inteligente, viciado em livros, protetor e que viaja pelo tempo vivendo as mais loucas situações possíveis (não esquecendo que apenas o corpo viaja, roupas e acessórios ficam para trás... o que significa que ele chega nu, peladinho com a mão no bolso, aonde quer que vá e isso é sempre um enorme problema, não importa em qual época ou estação!).

Algumas vezes o Henry do passado/futuro viaja para o presente e encontra o seu EU do presente e trocam experiências (mas o Henry do futuro/passado evita contar o que vai acontecer consigo ou com outros!) - sei que parece doido, e é, mas vai por mim que o livro é daqueles que não se quer parar de ler.

Quanto mais para o futuro a história chega, melhor se entende alguns estranhos fatos contados no início e as peças do quebra-cabeça se encaixam - para isso é preciso ter boa memória!


O Henry do passado/futuro conhece Clare quando ela tem apenas 6 anos e acompanha seu crescimento durante suas viagens, ensina, protege e ajuda a moldar o caráter daquela que no futuro (dela) será sua esposa e no presente (dele) já é. Aqui ele tem uma vantagem sobre Clare, por já saber o destino dos dois.

Dois anos se passam sem que os dois se encontrem, e Clare sabe que a próxima vez que se encontrarem, ela conhecerá o Henry do presente.
(pag. 152-153)
"Eu não sou exatamente o homem que ela conheceu na
infância. Sou uma quase aproximação, que ela guiará sorrateiramente em direção ao EU que existe nos olhos da sua mente"


Quando Clare e Henry se encontram no presente, os papéis se invertem... Henry agora é o passivo, aquele que deverá aprender sobre si e que terá o caráter moldado e mudado por Clare... para fazer do Henry do presente o Henry do futuro (aquele que ela conheceu no passado... rs, ótimos trocadilhos!).

O que pode parecer uma vantagem muitas vezes é um peso porque deixa Henry totalmente vulnerável. Como ele não tem controle nenhum sobre onde irá, ele acaba vivendo um fato 2x, sofrendo duplamente (ok, tendo algumas alegrias duplamente também!), também não se sabe se ele vai parar nu na sala de casa ou no meio da rua durante o inverno em Chicago, num frio de -10º.

É muito fácil se identificar com os personagens, principalmente após o casamento, na chamada "vida a dois" quando o casal descobre as peculiaridades do parceiro, até então desconhecidas - Clare ouve Joni Mitchel e Henry, Shaggs (quando não estão juntos). Henry cozinha, Clare lava roupa - Henry consegue comer a mesma comida por 3 noites seguidas, Clare tem seus momentos de solitude e precisa ficar sozinha.
Na última página Niffenegger colocou um trecho da Odisséia de Homero e depois me toquei que realmente muito da história de Henry e Clare faz lembrar Odisseus e Penélope.

É uma versão moderna da Odisséia onde Henry, como Odisseus se vê obrigado a deixar sua esposa e viajar pelo tempo, é incontrolável, as aventuras são tamanhas, algumas perigosas, algumas nem tanto. Percalços são inúmeros mas o intuito é sempre o de voltar para casa e encontrar sua amada, que o espera pacientemente (virtude feminina, seria?).

O filme - confesso que estava esperando por decepção mas me enganei. Eric Bana não é o Henry ideal mas não posso reclamar, mas devo dizer que, para quem não leu o livro, o filme vai ser confuso e provavelmente não fazer muito sentido, por isso é melhor ler o livro... o filme é bem superficial nas características de cada personagem (Henry é viciado em Literatura - come, dorme, vive Literatura e Clare compartilha e mesma paixão - isso não se vê no filme - fora todos os incentivos à leitura e arte, enfim, ao erudito, ao intelecto, etc.).

O filme também distorce alguns fatos e ameniza outros e cortaram personagens tão importantes do livro, mas felizmente não mudaram o final!





Audrey Niffeneger é professora da Universidade de Columbia em Chicago. The Time Traveler's Wife é seu primeiro livro, lançado em 2003.

1 comment:

Juliana said...

Juh que livro doido neh??!!


Gostei
bjs...