Tuesday, September 29, 2009

The Great Gatsby (F. Scott Fitzgerald)


Fui apresentada ao Gatsby na faculdade através do filme. Decidi ler o livro porque além de ser um clássico, conhece-se mais sobre os personagens lendo o livro do que nos curtos 60 e poucos minutos de um filme.


"Então use o chapéu de ouro, se isso a moverá;
Se puder saltar alto, salte alto por ela também,
Até que ela grite 'Amado, chapéu-de-ouro, amado alto-saltador,
Preciso ter você!' "
(Thomas Parke D'Invilliers)

James Gatz era o nome legal de Jay Gatsby, mudado quando tinha 17 anos, período em que começou sua carreira, que por sua vez iniciou quando conheceu Dan Cody, seu melhor amigo e mentor.

Seu passado escondia sua pobreza, "conheceu" as mulheres cedo, e por ter sido estragado por elas, tornou-se desdenhoso: das jovens virgens porque eram ignorantes, das outras por serem histéricas.

Seu coração estava em constante tumulto, mas com a ajuda de Dan Cody, de quem herdou 25 mil dólares (o que na época - 1925 - era uma fortuna), visava um futuro promissor.

Enquanto no exército, conheceu Daisy. Encantou-se. A primeira "boa" garota que ele conheceu na vida. Nunca tinha visto uma casa tão bonita, mas o que o excitava mesmo era o fato de Daisy já ter sido amada por vários homens.

Na época, Gatsby era um pobretão sem passado, fingia ser o que não era. Percebendo que poderia ser desmascarado a qualquer momento, decidiu aproveitar cada momento, insaciável e inescrupulosamente. Porém, deu a Daisy a falsa impressão de segurança, fazendo-a acreditar que ele, Gatsby, pertencia ao mesmo nível social que ela, sendo completamente capaz de sustentá-la.

Sem perceber, apaixonou-se. Apaixonaram-se. Gatsby parte com o exército, tenta voltar para Daisy mas acaba indo para Oxford. As cartas chegam cada dia mais desesperadas. Daisy é fraca demais para enfrentar as pressões do mundo. Era jovem e sua vida artificial aos poucos apaga seus sentimentos por Gatsby. Poucos meses após a chegada de Tom Buchanan a Long Island, Daisy e Tom se casam.

Gatsby só precisava de um motivo para correr atrás do futuro que o esperava. Acumulou uma imensa fortuna, cuja fonte ninguém sabia e muito se especulava. Morava em uma mansão às margens do rio, de onde avistava a mansão de Daisy e Tom e buscava oportunidade para encontrá-la. Suas festas eram famosas mas Daisy nunca aparecia.

A história é narrada por Nick, primo de Daisy que coincidentemente alugou uma casa ao lado da casa de Gatsby, e é exatamente Nick o responsável pela reaproximação dos dois (contra sua vontade, diga-se de passagem).

O simbolismo da história gira em torno dos Olhos Gigantes do Doutor T. J. Eckleburg, o que deveria ser uma enorme placa de propaganda de um oftalmologista... eram gigantescos olhos azuis, sem face, com um par de óculos amarelos seguros por um nariz inexistente. Os Grandes Olhos testemunham vários eventos na história (das traições de Tom Buchanan aos pensamentos macabros de George), são como os olhos de Deus vistoriando a vida dos mortais.

O que marca na história de Gatsby é o impulso, a determinação do personagem, todos os seus passos até o reencontro têm como destino tê-la de volta. Apesar dos meios escusos usados para conseguir sua fortuna, Gatsby tem um coração puro, sua fortuna é imensa mas seu coração é vazio e carente por Daisy, tem muitos conhecidos e poucos amigos que guarda com afeto, Nick se tornou um deles.

O contraste entre Daisy e Gatsby faz o paralelo na história. Daisy é fútil, nasceu, cresceu e sempre viveu na riqueza e com poucos valores morais, não tem caráter, casou com Tom porque era rico e influente,seria ela capaz de deixar o marido por Gatsby, que apesar de rico, não tem passado, não tem história?



"Eles são pessoas negligentes, Tom e Daisy - eles esmagam coisas e criaturas, e depois se escondem no seu dinheiro e vasta negligência, ou qualquer coisa que seja que os mantem juntos, e deixam que outras pessoas limpem a sujeira que fizeram..."
(pag. 179)
* Livro da Lista Rory Gilmore.

Wednesday, September 23, 2009

My Sister's Keeper (Jodi Picoult)

Se você tiver a oportunidade de ler um livro, leia My Sister's Keeper.

Primeiro, o modo como foi a história foi escrita prende a atenção do início ao fim. Segundo, é de uma sensibilidade sem tamanho, controverso, de partir o coração e muito fácil de se identificar e um final que te deixa chorando por um longo tempo mesmo depois de fechar o livro...

Os pontos negativos: As passagens que explicam os termos médicos e técnicos sobre a doença... são complicados e longos, confesso que só passei o olho por essas partes.

Anna Fitzgerald é a personagem e narradora principal. Foi planejada com características genéticas perfeitas para ser doadora da irmã Kate, diagnosticada aos 2 anos de idade com um tipo raro de Leucemia. A meta inicial seria a doação do cordão umbilical mas a doença progride pouco tempo depois e por volta dos 5 anos, Anna começou a doar sangue e medula óssea periodicamente.

Aos 13, Anna decide buscar emancipação médica porque agora são os rins de Kate que estão falhando devido a anos e anos de quimioterapia e forte medicação. Contrata Campbell Alexander como seu advogado para processar os pais, que logicamente, estão em choque com a notícia.


"Na minha primeira memória, tenho três anos de idade e estou tentando matar minha irmã. Algumas vezes a recordação é tão clara que eu posso lembrar a coceira da fronha do travesseiro na minha mão, a ponta aguda do nariz dela
pressionado na palma da minha mão."

(pag. 43)
"(...) Dr. Chance nos contou algum tempo atrás que é assim que funciona - o corpo do paciente fica totalmente usado e cansado por tanto tempo de luta. Pouco a pouco, partes do corpo começam a desistir. No caso de Kate, são os seus
rins."


O leitor tem a posição privilegiada de conhecer todos os lados da história uma vez que cada capítulo é contado por um dos personagens: Anna, Kate, Campbell Alexander, Sara (mãe), Brian (pai), Jesse (irmão) e Julia (guardiã ad litem apontada pela corte).

Através dos Fitzgerald percebe-se todas as dores que o Câncer pode trazer para uma família. Não destrói apenas o corpo e a mente do doente mas desestabiliza e desestrutura aqueles que o cercam.

Sara luta para salvar a vida de Kate mas esquece a criação dos outros 2 filhos que se sentem usados e ignorados.

Brian (que trabalha como bombeiro) sente-se melhor quando recebe chamadas de emergência do que junto da esposa e dos filhos - por várias vezes viu Kate a beira da morte, implorou para que a esposa deixasse a filha partir mas Sara nunca desistiu.

Jesse como forma de rebeldia torna-se alcoolatra, furta, põe fogo em casas, droga-se...

A vitória de Anna significa a derrota de Kate...

O filme foi lançado aqui nos EUA em Junho desse ano e estréia no Brasil em Outubro com o título Uma prova de Amor. Tem Cameron Diaz no papel de Sara, e Abigail Breslin como Anna.

Não assisti o filme, ouvi ótimas críticas sobre atuação de Cameron Diaz MAS li que Jodi Picoult ficou decepcionada porque mudaram o final...









* Livro da Lista Rory Gilmore.

Sunday, September 20, 2009

Estou no cinema com marido e enteada. Estamos assistindo os trailers quando vejo o marido tirar do bolso o BlackBerry. Vai colocar no silencioso, penso eu. Olho novamente, Internet Explorer abre na tela. Yahoo Mail. LinkedIn. Facebook.

Uma voz me vem na garganta. Incontrolável. Dá pra parar e guardar o celular, eu falo. Ele me olha surpreso. Continua "surfando". Guarda esse telefone agora, repito. E uma conversa em susurros começa. Ele argumenta, eu contra-argumento. Vou embora, é o que penso. Sair do cinema, ir embora para casa.

O que está acontecendo com as relações interpessoais? Com a socialização? Com a conversa olho no olho? Tô no Starbucks e vejo pessoas sentadas frente a frente, cada uma com seu Iphone, BlackBerry ou "Strawberries" (o que seja!) em mãos, fingindo ouvir um ao outro enquanto checam seus emais e sites de relacionamentos.

Estou na casa de amigos assistindo um filme - T. a cada 10 minutos checa o Iphone... o marido que antes criticava, agora tá com a mesma mania. Hipocrisia!

Sou intolerante! Sim, não tolero essa falta de educação e desrespeito que tem tomado conta dos relacionamentos contemporâneos, onde pequenos instrumentos conectados wireless pelos benditos fios de fibra ópticas parecem ser mais importantes que a minha conversa com meu melhor amigo, com os meus colegas de trabalho ou o filme que paguei $13 para assistir. Indignação!

Sou eu a única a notar isso?

Tuesday, September 15, 2009

Lolita (Vladimir Nabokov)

Não sei de onde veio minha curiosidade por Lolita, se foi a polêmica em torno da história (que se renova de tempos em tempos) ou em torno do Nabokov.

Depois de ler o livro e toda a história por trás da história, na minha opinião o processo, o tempo e os questionamentos de Nabokov ao escrever Lolita são mais interessantes que o livro.

No primeiro manuscrito (que foi destruído), toda a história se passava na França, outros tantos detalhes eram diferentes mas Nabokov sempre teve a fixa idéia de que o HOMEM casaria com a MÃE para se aproximar da FILHA.

Anos mais tarde, já nos Estados Unidos, Nabokov voltou com a idéia da Ninfeta, dessa vez com cenário americano, a garota tinha sangue Irlandês, e a idéia fixa foi usada... Pensou em desistir, foram anos até o livro ficar pronto. Editoras se recusaram a publicar tal história, queriam mudá-la, chocados!

São poucos os que leem o livro até o final. Aqueles que começam com a idéia de que a história será devassa, impudica e cheia de cenas eróticas do começo ao fim se decepcionam e param lá pela página 188. E essa técnica foi intencionalmente usada por Nabokov.

Sim, depois que Humbert "descobre" Dolores Schiller - a Lolita, a história contém progressivamente mais erotimo, erotismo com várias alusões do impulso psicológico e desejos irreprimíveis de um pervertido.

Quando pára, pára totalmente! E é o que decepciona grande parte dos leitores, e a história se torna chata e monótona.


"Eu sabia que tinha me apaixonado por Lolita para
sempre; mas eu também sabia que ela não seria para sempre Lolita"
(pag. 65)
A história começou a ser escrita por Humbert 65 dias após sua prisão, escrita como um memoir, homenagem àquela a quem Humbert dedicou parte de sua existência, e o seu amor eterno.
O romance durou apenas 2 anos, entre viagens de uma ponta a outra do mapa americano, algumas tentativas de uma vida normal, tantas outras viagens, entre motéis, hotéis e cabanas, e sexo... diariamente, até que Lolita fugiu.

"Gradualmente se tornou claro para minha convencional Lolita
durante nosso singular e bestial amasiamento que até mesmo a mais miserável das famílias era melhor que a paródia do incesto"
(pag. 287)

Outros tantos anos Humbert gastou procurando sua menininha, seguindo os rastros de Lolita e seu "sequestrador". Sem sucesso.

Nem o choque pela perda de Lolita o curou da pedofilia, sua natureza maldita não poderia mudar. Em playgrounds e praias, seus pesados e furtivos olhos, contra sua própria vontade, ainda procuravam o brilho das coxas das ninfetas. Todavia, nunca tocou em nenhuma outra ninfeta além da sua Dolores.

Lolita reaparece na história quando escreve uma carta ao "Pai" dizendo estar casada e grávida e pedindo dinheiro. Essa é a última vez que Humbert põe os olhos em sua pequena, visivelmente usada aos 17, mais alta e usando óculos, imensamente grávida... e Humbert teve a certeza que a amava mais do que qualquer coisa no mundo. Descobriu a identidade do sequestrador.Implorou. Implorou pela presença de Lolita.

" 'A-adeus!' ela cantou, meu doce imortal e morto amor
americano; porque ela está morta e imortal caso esteja lendo isso. Eu digo,
porque esse é o acordo formal com as chamadas autoridades"
(pag. 280)
Como ele acaba preso? Não porque foi denunciado pela menina, mas porque matou aquele que a tirou de seus braços... e a história se fez conhecida.

PS: o livro foi publicado finalmente em 1955, por Olympia Press, editora francesa.

Thursday, September 10, 2009

The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society (Mary Ann Shaffer & Annie Barrows)

Encantador!
É a primeira palavra que me vem a cabeça quando penso em The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society. Daí eu leio sobre as autoras (porque achei estranho um livro que nem é assim tão longo, ter tido duas escritoras)...

Mary Ann Shaffer começou a escrever a história em 1980 depois de uma viagem frustrada para Londres onde pesquisaria sobre o livro que escreveria. Foi parar em Guernsey (uma ilha no Canal da Mancha) e dramática como só ela, desistiu da viagem após ficar presa no aeroporto por causa da neblina. Enquanto esperava o vôo foi bisbilhotar a livraria local, resultado? Comprou vários livros sobre a invasão alemão à ilha durante a II Guerra Mundial, e deles surgiu The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society.
Ok, ok mas isso não explica como Annie Barrows entra na história... Na época que o livro chegou a mão das editoras, Mary Ann ficou doente e pediu auxílio a sobrinha Annie Barrows na continuação e edição da história. Mary Ann Shaffer faleceu no início de 2008 com o conforto de que seu primeiro e único livro seria um sucesso!
A história é contada através de cartas, o que faz a história tremendamente intimista. Enquanto viaja divulgando seu livro, Juliet Ashton compartilha suas experiências durante a II Guerra com sua audiência e como naquela época (1946) não havia internet, comunica-se por meio de cartas com seus amigos, e é através delas que conhecemos cada um dos personagens.
"Pergunto-me como o livro chegou a Guernsey?
Talvez existe algum de tipo um instinto caseiro secreto em livros, que os
trazem para os seus perfeitos leitores."
Diz o ditado que um obstáculo está superado quando temos a capacidade de rir dele, é exatamente isso o que Juliet faz, faz humor das dificuldades e traumas vividos durante a invasão alemã à Inglaterra, característica que a acompanha durante todo o livro.

Toma conhecimento da The Guernsey Literary e Potato Peel Pie Society ao receber uma carta de Dawsey Adams, morador da Ilha de Guernsey. Dawsey teve a sorte de encontrar na livraria local durante a invasão alemã, um livro de Charles Lamb que um dia pertencera a Juliet (que por sua vez, havia escrito seu nome e endereço na contra-capa do livro). Como o livro saiu da Inglaterra e foi para em Guernsey é uma incógnita mas é a partir da primeira carta que a história da Sociedade Literária começa a se desvendar.

A Sociedade Literária e Torta de Pele de Batata de Guernsey foi criada com o intuito de encobrir os jantares regados a carne de porco dos moradores de Guernsey durante a invasão - A aquela altura da guerra, comida se tornou extremamente escassa e os soldados alemãs confiscavam parte dos alimentos para consumo das tropas. Mrs. Maugery teve a idéia de esconder porcos no porão e uma vez por semana, convidava amigos e moradores próximos que sabia estar passando por dificuldades, para participar do banquete. Numa dessas noites, Elizabeth McKenna, Dawsey e John Booker foram flagrados pelos soldados alemães voltando para casa (desrespeitando o toque de recolher)... a esperta Elizabeth rapidamente bolou uma desculpa, estavam na casa de Mrs. Maugery participando de uma Sociedade Literária.

Notícias da Sociedade Literária chegaram aos ouvidos dos oficiais alemães que prometeram uma visita. Elizabeth e Mrs. Maugery não viram outra solução senão a de comprar e emprestar o maior número de livros possíveis e "fingir" ter uma Sociedade Literária caso os oficiais aparecessem... E assim aconteceu a primeira reunião... E desde então, uma vez por semana os moradores se reunem, mesmo depois da partida dos alemães e do fim da guerra porque no final, cada um descobriu uma paixão secreta pela leitura. Leitura de qualquer tipo, alguns liam livros de receitas, outros de agricultura, outros preferiam as biografias, outros as poesias... os romances, os históricos... cada um descobriu sua identidade literária, argumentando e defendendo suas idéias e pontos de vistas.


"Após dois membros terem lido o
mesmo livro, eles argumentam, o que é o nosso grande deleite. Nós lemos
livros, conversamos livros, argumentamos sobre os livros, e nos tornamos mais e mais queridos um pro outro." (Pag. 51)
Will Thisbee foi responsável pela inclusão de "Torta de Pele de Batata - Potato Peel Pie", porque ele não viria para reuniões se não tivesse comida, e por causa da escassez de alimentos, Will criou a torta de pele de batata: purê como recheio, beterraba escorrida para adoçar e pele de batata para crosta.

Convidada pela TIMES para escrever um artigo que viraria livro, Juliet tem a idéia de escrever sobre a Sociedade Literária, sua criação e a II Guerra do ponto de vista de Guernsey. Recebe dezenas de cartas de outros moradores contandos suas experiências sobre a guerra e como tornaram-se membros da Sociedade Literária. Aos poucos Juliet foi se envolvendo com a história da ilha, compartilhando as emoções dos escritores. Sua curiosidade foi tanta que decidiu visitar Guernsey e nunca mais saiu de lá.

Não posso esquecer de mencionar a heroína da história - Elizabeth - todos os correspondentes tinham uma história pra contar que envolvia Elizabeth, sua coragem desafiadora, sua rebeldia e sua luta para ajudar os moradores de Guernsey, criticada por muitos e amadas por tantos outros, Elizabeth tem sua história contada através da vida daqueles a quem ela ajudou. Foi aprisionada e deportada para um campo de concentração alemão mas deixou um fruto... Kit, sua filha. Fruto de sua paixão por um soldado.

Nunca é possível conhecer os verdadeiros dramas de uma guerra a não ser que se seja um dos personagens... pouco se sabe do sofrimento daqueles soldados alemães também, quando falam de II Guerra Mundial, falam do massacre aos judeus, falam de Hitler e se tem uma coisa que me irrita (e já irritava antes mesmo de ler esse livro) é o fato de parecer que os judeus estão sempre tentando esfregar na cara do mundo o quanto sofreram naquela guerra.

Veja bem, não sou contra judeus, não estou dizendo que os atos cometidos contra eles não são repulsivos e cruéis... SIM, são. Mas também não se pode esquecer que eles não foram os únicos a sofrerem com a II Guerra, muitos franceses, italianos, ingleses, e os próprios alemães, foram mortos e torturados e tiveram suas famílias desfeitam por causa da guerra. E nem todos os alemães concordavam com as ações de Hitler, nem todos os seus soldados foram cruéis e desumanos e muitos estavam ali para evitar que suas famílias fossem massacradas pela Fúria.

E Elizabeth sabia desse fato, sua paixão por Christian Hellman não foi uma traição aos seus princípios e ideais. Planejavam casar quando a guerra terminasse, e o fariam, se o navio alemão que levava Christian de volta a Alemanha não tivesse naufragado.

Juliet tem uma ligação forte com a história de Elizabeth, e consequentemente com Kit, cuidada com tanto amor e atenção por todos os amigos de Elizabeth, que a protegem e educam.

A vida em Guernsey é simples, vida de interior, mas é tudo que Juliet precisa depois de anos na loucura de Londres. Morando na casa que um dia fora de Elizabeth, Juliet tenta pensar como ela, sentir como ela, para escrever seu livro com Elizabeth como narradora, tem esperanças de que Elizabeth voltará a qualquer momento para retomar a vida onde parou... No final descobrem que Elizabeth fora morta no campo de concentração. Kit agora órfã é adotada por Juliet, que nega o pedido de casamento de Mark... e no final casa com Dawsey.

É incrível como o leitor termina com uma relação de intimidade com os personagens do livro, parece que os conhecemos de longa data, parecem nossos amigos de infância. É uma história de sobrevivência e heroísmo, de traumas e sofrimento mas ao mesmo tempo engraçada e tocante. Uma linda celebração à Leitura e como ela ajuda a aproximar as pessoas em tempos difíceis.


"Isso é o que eu amo em livros: uma coisinha te
interessa em um livro, e essa coisinha vai te levar a outro livro, e alguma
outra coisinha lá vai te levar a um terceiro livro. É geometricamente
progressivo - tudo sem um final a vista, e não por outro motivo a não
ser puro prazer." (pag. 12)
Vale muito a pena ler!


Alguns dos livros citados em The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society:
- Selected Essays of Elia (Charles Lamb)
- Selected Letters (Charles Lamb)
- Wuthering Heights/O morro dos ventos uivantes (Emily Bronte)
- The Pickwick Papers (Charles Dickens)
- Ill-Used by Candlelight (Amanda Gillyflower)
- Jane Eyre (Charlote Bronte)
- Agnes Grey (Anne Bronte)
- Shirley (Charlotte Bronte)
- The Tenant of Wildfell Hall (Anne Bronte)
- Selections from Shakespeare
-Poetry (Wilfred Owen)
- Poems (William Wordsworth)
- The Oxford book of Modern Verse (W. B. Yeats)
- The Letters of Seneca (Lucius Seneca)
- Past and Present (Thomas Carlyle)
- Meditations (Marcus Aurelius)
- Elspeth the Lisping Bunny (acredito que Shaffer ou Barrows inventou esse, porque não achei em lugar nenhum, a não ser no livro! - com esse título também, há de se esperar - Elspeth o Coelho da Língua Presa)
- Pride and Prejudice (Jane Austen)
- The Canterbury Tales (Geoffrey Chaucer)
- The Sir Roger de Coverley Papers (Joseph Addison & Richard Steele)