Ler Rachel de Queiroz é lembrar da minha adolescência, é lembrar das viagens de férias para o Ceará com minha avó e minhas primas. Como muitos nascidos no Norte do Brasil, eu sou descendente de nordestinos. Meu avó paterno nasceu em Juazeiro do Norte, por isso, minhas férias da escola tinham Ceará como destino certo, eram meses e meses em Fortaleza com viagenzinhas curtas para Juazeiro.
Antônio Torres resumiu brilhantemente a história em poucas linhas: "O embate entre o homem e a natureza, no trágico destino de um povo assolado pela grande seca de 1915 que, diga-se de passagem, não foi a última. Numa prosa simples, viva, comovente, Rachel de Queiroz tece seu relato em duas linhas de força: a história de um amor irrealizado da mocinha que lê romances franceses e sonha com o moço rude entregue à faina solitária de salvar o seu gado; e a dramática marcha a pé de um retirante e sua família, sonhando chegar ao Amazonas."
A mocinha é Conceição, que "tinha vinte e dois anos e não falava em casar. As suas poucas tentativas de namoro tinham-se ido embora com os dezoito anos e o tempo de normalista; dizia alegremente que nascera solteirona" (pag. 13); e o moço rude é Vicente, seu primo. Os dois haviam tido um romance na adolescência que foi rompido quando Conceição mudou para a capital para estudar e se formar no Magistério.
O interessante na história desses dois é a falta de comunicação, o supor, o achar que é isso que o outro quer dizer e não conversar abertamente para esclarecer os fatos, baseando seu julgamento em especulações pessoais sobre as ações do outro. É como se ambos tivessem, no íntimo, a certeza de que ficariam juntos, mas nenhum dos dois teve a oportunidade ou talvez a coragem de verbalizar, a espera de que o outro desse o primeiro passo, e acaba que o passo foi dado pelos inúmeros fatores externos, distanciando-os a cada encontro.
A família retirante é a de Chico Bento e sua esposa Cordulina, e os cinco filhos pequenos. "Sem legume, sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar morrendo de fome, enquanto a seca durasse." (pag. 31) Decidido a partir para a capital e de lá seguir para o Norte, Chico Bento parte com a família em sua jornada a pé pelo sertão.
Ler O Quinze trouxe esse momento nostálgico, uma nostalgia doce e amarga ao mesmo tempo. Nas visitas a Juazeiro via pela janela do ônibus a paisagem de terras secas e áridas do interior do nordeste, a seca se faz sempre presente naquelas terras, não importa o ano que se visite, e ao ler o livro me veio a memória as casas de barro, a terra rachada, as crianças de pé no chão. Quão absorto alguém se sente ao ver essas imagens quando não se compreende ou sabe as dificuldades que os habitantes da seca passam... e ninguém melhor do que Rachel de Queiroz para escrever sobre o drama de retirantes nordestinos. Livro este que é o seu primeiro romance escrito aos 20 anos, publicado em 1930.
Antônio Torres resumiu brilhantemente a história em poucas linhas: "O embate entre o homem e a natureza, no trágico destino de um povo assolado pela grande seca de 1915 que, diga-se de passagem, não foi a última. Numa prosa simples, viva, comovente, Rachel de Queiroz tece seu relato em duas linhas de força: a história de um amor irrealizado da mocinha que lê romances franceses e sonha com o moço rude entregue à faina solitária de salvar o seu gado; e a dramática marcha a pé de um retirante e sua família, sonhando chegar ao Amazonas."
A mocinha é Conceição, que "tinha vinte e dois anos e não falava em casar. As suas poucas tentativas de namoro tinham-se ido embora com os dezoito anos e o tempo de normalista; dizia alegremente que nascera solteirona" (pag. 13); e o moço rude é Vicente, seu primo. Os dois haviam tido um romance na adolescência que foi rompido quando Conceição mudou para a capital para estudar e se formar no Magistério.
"Separava-os a agressiva miséria de um ano de seca; era preciso lutar tanto, e tanto esperar para ter qualquer coisa de estável a lhe oferecer!" (pag. 49)
O interessante na história desses dois é a falta de comunicação, o supor, o achar que é isso que o outro quer dizer e não conversar abertamente para esclarecer os fatos, baseando seu julgamento em especulações pessoais sobre as ações do outro. É como se ambos tivessem, no íntimo, a certeza de que ficariam juntos, mas nenhum dos dois teve a oportunidade ou talvez a coragem de verbalizar, a espera de que o outro desse o primeiro passo, e acaba que o passo foi dado pelos inúmeros fatores externos, distanciando-os a cada encontro.
A família retirante é a de Chico Bento e sua esposa Cordulina, e os cinco filhos pequenos. "Sem legume, sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar morrendo de fome, enquanto a seca durasse." (pag. 31) Decidido a partir para a capital e de lá seguir para o Norte, Chico Bento parte com a família em sua jornada a pé pelo sertão.
Ler O Quinze trouxe esse momento nostálgico, uma nostalgia doce e amarga ao mesmo tempo. Nas visitas a Juazeiro via pela janela do ônibus a paisagem de terras secas e áridas do interior do nordeste, a seca se faz sempre presente naquelas terras, não importa o ano que se visite, e ao ler o livro me veio a memória as casas de barro, a terra rachada, as crianças de pé no chão. Quão absorto alguém se sente ao ver essas imagens quando não se compreende ou sabe as dificuldades que os habitantes da seca passam... e ninguém melhor do que Rachel de Queiroz para escrever sobre o drama de retirantes nordestinos. Livro este que é o seu primeiro romance escrito aos 20 anos, publicado em 1930.
"E a criança, com o cirro mais forte e mais rouco, ia-se acabando devagar, com a dureza e o tinido dum balão que vai espocar porque encheu demais." (pag. 60)
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