Gente, terminei de ler esse livro ontem e, mesmo sendo a escolha do Bookclub para o mês de junho (e a reunião ainda nem aconteceu), tive que vir aqui comentar com vocês.
É a primeira obra que leio de Betty Smith, e agradeço muitíssimo a Nari por ter escolhido um livro tão rico para discussão.
A tree grows in Brooklyn, Uma árvores cresce no Brooklyn - Título oficial em português: Laços Humanos conta a história da família Nolan... mais precisamente de uma menininha chamada Francie, a filha mais velha de Johnny e Katie Nolan.
Os Nolan são uma família super pobre, ambos pais de Johnny e Katie vieram da Irlanda antes da Primeira Guerra em busca de uma vida melhor na América, fazendo do Brooklyn sua morada. Acontece que a vida na América não é o sonho que se desejava, o cenário é de miséria, fome, escassez de toda e qualquer forma mas não de união familiar.
Johnny é o galã que toda mulher desejava... Katie encantada com a voz de veludo e o charme do irlandês loiro de olhos azuis, rouba Johnny da amiga e os dois casam quando ela tem apenas 17 anos, e ele 19... a vida é dura, cheia de sacrifícios mas ali há amor... até que Katie engravida e Johnny não sabe lidar com o fato de que será pai mesmo ainda sentindo-se, ele mesmo, uma criança. É quando o vício do alcool bate à sua porta, acompanhando-o daí por diante."Francie achava que todos os livros do mundo estavam naquela biblioteca e ela havia planejado ler todos os livros do mundo. Ela estava lendo um livro por dia em ordem alfabética e nem mesmo pulando os livros secos. Ela lembrava que o primeiro autor foi Abbot. (...) Mas Francie era uma leitora. Lia tudo que achava: bobagens, clássicos, tabelas e lista de compras". (pag. 22)
Katie é figura materna e paterna para os filhos, ela é o esteio da família mas tem Neely como seu favorito. Johnny apesar de ausente, é adorado pelos filhos, principalmente por Francie... sua presença em casa é marcada por música, por belas canções, por compreensão... ele é a parte sensível, Katie o braço forte.
Um ano após Francie, nasce Neely... Katie que já havia tomado as rédeas da família, trabalha em dobro, dia e noite limpando casas, escovando chão e ainda assim, mantendo a família junta, os filhos lendo um trecho da Bíblia e de Shakespeare cada noite... sim, porque Katie acredita que o futuro dos filhos apenas mudará se eles tiverem EDUCAÇÃO, foi esse o conselho dado por sua mãe Mary, que mesmo sendo analfabeta, buscou uma vida melhor para suas três filhas - Evy, Sissy e Katie, mesmo com a violência e machismo do marido Thomas."(...) 'Eu bebo porque eu tenho responsibilidades que não posso suportar'. Houve uma pausa longa. Então ele sussurrou, 'Não sou um homem feliz. Tenho uma esposa e filhos e acontece que eu não sou do tipo que trabalha duro. Nunca quis uma família." (pag. 35)
A história é encantadora, muito fácil de se identificar... muitas partes me deixaram arrepiadas e com lágrimas nos olhos, principalmente pela luta de Katie para que os filhos não sofressem o que ela sofreu, para que, através da educação, seus filhos tivessem uma vida melhor, com base para buscar novos caminhos... Francie e Neely foram os primeiros membros da família Nolan a receber um diploma de ensino fundamental... um orgulho que dinheiro nenhum pode pagar... e a faculdade? Será este um sonho possível?"Educação! é isso! É educação que faz a diferença! Educação os colocará fora dessa vida de miséria e sujeira. Prova? A senhorita Jackson foi educada, a McGarrity não foi. Ah! Isso que Mary Rommely, sua mãe, tem tentado dizer todos esses anos. Só que sua mãe não soube usar a palavra clara: educação!" (pag. 207)
A tree grows in Brooklyn é um livro que faço questão que meus filhos leiam e indico para pais e filhos... é uma obra maravilhosa, de uma intensidade e sensibilidade indescritíveis... de uma sabedoria popular e simples mas com uma profundidade ilimitada. Betty Smith entrou para minha lista de escritores favoritos e essa obra, particularmente, entrou para minha lista dos dez melhores!
A obra teve uma adaptação para o cinema, lançado em 1945, e virou musical na Broadway em 1951.