Saturday, August 27, 2011

Poema de Sábado

Soneto de Londres

Que angústia estar sozinho na tristeza
E na prece! que angústia estar sozinho
Imensamente, na inocência! acesa
A noite, em brancas trevas o caminho

Da vida, e a solidão do burburinho
Unindo as almas frias à beleza
Da neve vã; oh, tristemente assim
O sonho, neve pele natureza!

Irremediável, muito irremediável
Tanto como essa torre medieval
Cruel, pura, insensível, inefável

Torre; que angústia estar sozinho! ó alma
Que ideal perfume, que fatal
Torpor te despetala a flor do céu?

Londres, 1939

Vinícius de Moraes, Livros de Sonetos,
pag. 29 

1 comment:

Anonymous said...

Hello Ju!

Será que o clima belamente sombrio de Londres influenciou o nosso poeta a escrever esse lindo soneto ou o personagem já estava com uma certa melancolia na alma?
Beijos mil!
D. Bivar