Monday, June 22, 2009

The island (Victoria Hislop)


"A ilha de Spinalonga, fora da costa norte de Creta, foi a principal colônia para leprosos da Grécia de 1903 até 1957."

Alexis, uma jovem inglesa de 25 anos, formada em História Natural, decide viajar para a Grécia com o namorado Ed. Mais do que turismo, Lexis deseja preencher as lacunas em sua vida sobre seus ancestrais e ter idéia sobre que decisões em seu namoro "mais ou menos" com Ed. Sente que sua mãe, Sofia, esconde fatos de seu passado na Grécia. Quem são seus avós? Teria parentes? Porque todo esse silêncio sobre o passado? Porque as perguntas feitas quando criança tiveram curtas e monossilábicas respostas?

Uma antiga foto em preto e branco de um casal... vestidos de noivos, na cabeceira da cama de Sofia é o único registro familiar. "São meus tios Maria e Nikolaos, já estão mortos" - é tudo que Lexis sabe.

Ao saber sobre a viagem e após o choque da notícia de que Lexis deseja visitar sua cidade natal - Plaka - Sofia escreve uma carta e entrega a Lexis endereçada a Fotini Davaras.

Ao chegar em Plaka, uma ilha não muito distante chama atenção de Alexis, curiosa, logo consegue alguém para atravessá-la... quando menos imagina 5 horas se passaram desde seu desembarque. Percebe que, apesar de abandonada, a ilha tinha um certo encanto, seu antigos habitantes não pareciam viver infelizes ali. Retorna a Plaka e procura por Fotini.

É Fotini a narradora da história da família Petrakis... história essa que começa em 1939.

Eleni e Georgis Petrakis:

Eleni foi uma amável professora, apaixonada por sua profissão - adorada pelos moradores de Plaka e por seus alunos, tratava-os como filhos - casou com Georgis, um pescador, tiveram duas filhas Anna e Maria.

Anna, a mais velha, petulante, nunca disposta a ajudar, ambiciosa mas de beleza requintada, sonha em deixar a pobre cidade de Plaka.
Maria, o oposto de Anna, sempre doce e atenciosa para com a família.

Em 1939, Eleni descobre uma mancha branca em sua perna, reune todos os seus queridos alunos e descobre que um deles, Dimitri, é portador da Lepra - os pais há algum tempo tentavam esconder a doença por temer o isolamento do filho em Spinalonga.

A lepra (hanseníase ou mal de Hansen), é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que afeta os nervos e a pele e que provoca danos severos. Desde que a escrita existe, tem-se registro de como a lepra representou uma ameaça, e os leprosos foram isolados da sociedade.

Na Grécia, aqueles que contraíam a doença eram enviados para ilha Spinalonga - totalmente excluídos da sociedade, em poucos anos o número de habitantes na ilha chegou aos 200 mil. Georgis Petrakis era o responsável pelo transporte de passageiros e mantimentos para Spinalonga - um meio de aumentar a renda, fora que não tinha concorrência porque ninguém em Plaka desejava chegar perto da ilha por medo de contaminação.

Foi Georgis quem transportou sua esposa Eleni e Dimitri, uma separação dura e cruel.
Eleni jamais dexara a ilha, aos poucos foi adaptando a sua nova vida e descobriu que Spinalonga não era como tinha imaginado. Os moradores, apesar de doentes e excluídos, tentavam levar uma vida normal.

Petros Kontomaris era o líder de Spinalonga e como tal voltou seus esforços para que a ilha tivesse quase tudo que uma cidade poderia ter, farmácias, biblioteca, barzinhos, shoppings, hospital. Sobreviviam com a verba enviada pelo governo grego, a verba que mantinha o comércio local. Conseguiu também a visita de um médico 3 vezes por semana - Christos Lapakis - de tremenda ajuda para aliviar o sofrimento e a dor daqueles no estágio mais avançado da doença e também ajudou a minimizar os sintomas dos recém-contaminados, uma vez que a cura ainda não havia sido descoberta.

Savina Angelopoulos foi grande amiga de Eleni, após sua partida tomou como responsabilidade ajudar na criação de Maria e Anna enquanto cria também os filhos Fotini, Antonis e Angelos.

Anos passam, Spinalonga recebe a visita do médico Nikolaos Kyritsis que busca pacientes para sua pesquisa para a cura da lepra. Infelizmente as pesquisas são interrompidas pela invasão da Alemanha nazista de Hittler.

A ilha testemunha a morte de gregos pela guerra, e de seus próprios habitantes pela devastadora doença - incluindo Eleni. Também testemunha o casamento de Anna com Andreas Vandoulakis, filho de um rico proprietário de terras em Elounda.

Anna agora tem tudo o que sempre sonhou, mas os anos de casamento não trazem um filho, um herdeiro. Manoli, um primo de Andreas, que após anos viajando pelo mundo, gastando a herança deixada pelos pais, retorna com os bolsos vazios para trabalhar com Andreas, torna-se íntimo de Anna, que ainda tentando preservar seu casamento, aprensenta Manoli para a irmã Maria - Manoli vê em Maria o oposto de Anna - inocência, doçura, zelo pela família. Ficam noivos, para o desgosto de Anna que nutre sentimentos por Manoli, mas às vésperas do casamento Maria percebe uma mancha em seu pé.

Seu diagnóstico fica claro ao visitar o médico Nikolaos Kyritsis em Iraklion. Georgis, que anos atrás viu sua vida devastada pela lepra ao perder sua amada Eleni para Spinalonga, sofre mais uma vez ao transportar sua querida Maria... teria ela o mesmo destino de Eleni?

Nikolaos Kyritsis retorna a Spinalonga para continuar sua pesquisa, e consigo traz remédios para testes.

Com o casamento desfeito, Manoli volta sua atenção novamente para Anna. O romance é de conhecimento de todos os empregados de Andreas, incluindo Antonis - irmão de Fotini, melhor amiga de Maria. Após 10 anos de casada, Anna engravida, Andreas convida Manoli para ser padrinho de Sofia.

Fotini visita Maria durante as viagens de Georgis à ilha para levar mantimentos, e conta todos os acontecimentos para a amiga, incluindo o caso de Anna com Manoli. Maria também recebe visitas do Dr. Kyritsis, o médico que possivelmente pode trazer a cura para sua doença é o homem por quem está se apaixonando.

Em 1957, Georgis faz a travessia dos primeiros habitantes a deixar Spinalonga. A cura fora descoberta. Aos poucos a ilha esvazia, pespectivas de uma nova vida fora da ilha são vistas como desafio para uns, desespero para outros marcados não apenas fisicamente mas psicologicamente pela doença.

Os últimos a deixar a ilha, incluindo Maria, fazem uma festa em Plaka. É nessa noite que Andreas, após descobrir as traições da esposa, confronta-a enquanto dirigem para a festa. Ouve-se um tiro. Dr. Kyritsis e Dr. Lapakis fazem os primeiros-socorros e Maria reconhece a irmã. O primeiro dia de liberdade da filha Maria, é também o dia que Georgis perde Anna.

Kyritsis e Maria casam-se e após algum tempo decidem solicitar a guarda de Sofia do avó paterno Alexandros, extremamente debilitado e já em idade avançada, após a morte da esposa. Criam-na como filha, uma vez que não tiveram a sorte de terem seus próprios filhos. Sofia cresce e Maria percebe nela as mesmas características de Anna, uma rebeldia sem causa e uma personalidade intrigante e irritante. Ao completar 18 anos, Sofia decide fazer faculdade em Atenas e é aqui que ela descobre a verdade sobre seu passado.

Decide partir sem olhar para trás e jura a si mesma nunca mais voltar, mas tem vontade de conhecer aquele que pode ser seu pai. Em Atenas procura por Manoli em todos os lugares possíveis. Bate na porta de todos os Vandoulakis na cidade, sem sucesso.

Quando já na faculdade conhece Marcus Fielding, um estudante de intercâmbio inglês, vê nele a oportunidade de esquecer de vez seu passado. Vê Maria e Nikolaos pela última vez em seu casamento em Londres e a vergonha pelo passado da família é o motivo do seu silêncio.

The island - A ilha - é uma história totalmente comovente e envolvente. Como eu nunca leio o resumo antes, a história foi surpresa pra mim. Uma família marcada por tragédias mas que não nos deixa esquecer que o amor e a vida permanecem mesmo em meio as mais terríveis circunstâncias.

Amei as descrições do cenário e dos personagens, no final parece que fazemos parte da história e que vivemos juntos a triste saga da família Petrakis, é uma história triste, triste como a realidade de muitos que perdem seus entes queridos não só para a lepra mas para o câncer, para a Aids ou qualquer outra doença atual que ainda não se conhece cura e que nos deixa com aquela sensação de impotência e insignificância.

Victoria Hislop é escritora e jornalista em Kent, Inglaterra.

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