''Há um mês mais ou menos, sua mãe costurou estrelas em todas as suas roupas. Em todas as roupas da família, exceto as do irmãozinho. Antes disso os documentos de identidade da família haviam sido carimbados com as palavras 'Judeu' ou 'Judia'. E então, haviam todas as coisas que, de uma hora para a outra, eles não eram mais permitidos fazer. Como brincar no parque. Como andar de bicicleta, ir ao cinema, ao teatro, ao restaurante, à piscina. Como não ser mais permitido a emprestar livros da biblioteca.'' (pag. 25)
Sarah Starzynski tem dez anos quando ouve a polícia bater na porta de sua casa. Com medo do que pode acontecer com o irmão, esconde-o numa passagem secreta atrás do armário da cozinha e promete voltar o mais rápido possível para salvá-lo. Sarah sabe que corre contra o tempo, o que ela não sabe é que a família está sendo levada para um campo de concentração e as chances de que sairá de lá são extremamente remotas. Em seu bolso ela guarda a chave do esconderijo onde seu irmão a espera.
Julia Jarmond é uma jornalista americana que mora em Paris, casada com o charmoso e arrogante, Bertrand - membro de uma família rica e tradicional francesa - e mãe de Zoe. O jornal em que Julia trabalha lhe dá a missão de escrever um artigo sobre os eventos de Julho de 1942 - ''Os aprisionamentos em Vélodrome d'Hiver. Vel' d'Hiv é a abreviação. É um estádio coberto famoso onde havia corridas de bicicleta. Milhares de famílias Judias, presas lá por dias, em condições apavorantes. E depois enviadas para Auschwitz. Para as câmaras de gás.'' (pag. 27)
A história de Sarah é contada em paralelo a de Julia, sabe-se que há uma ligação entre as duas mas o mistério é mantido por mais da metade da história, na verdade, até quase o final. É preciso preparar os lencinhos porque há capítulos bem fortes, daqueles que te deixam acordada a noite ao lembrar... Tatiana de Rosnay não poupou o leitor das atrocidades cometidas contra os judeus durante aquele período e os fatos são relatados do ponto de vista de Julia, uma americana, contra os franceses, simbolizados pela família do marido.
Muito é falado sobre o holocausto em Auschwitz, do papel dos alemães, mas pouco se fala sobre a contribuição de outros países que perseguiram os judeus residentes em suas terras, e os mandaram para campos de concentração. Eu não tinha idéia do papel da França nesse momento histórico, e o silêncio do povo francês depois para 'apagar' de sua história o papel sujo que tiveram.
Julia se vê obrigada a buscar a verdade mais profunda dessa história, encontrar Sarah e pedir desculpas pelas improbidades cometidas a ela e sua família, pelo sofrimento causado. Como se o perdão de Sarah pudesse aliviar a culpa que sentia pela participação da família do marido nesse episódio. Ao investigar os acontecimentos de Julho de 1942, Julia descobre que não é apenas a França que prefere esquecer aquele período, a família Tezac também guarda um segredo a sete-chaves que prefere não trazer a tona.
O filme foi lançado em 2011, não assisti e ninguém que conheço assistiu. Se você viu, compartilhe aqui o que achou, por favor. Julgando pelo trailer até que parece bom, não?
''Ela nunca fala sobre Beaune-la-Ronde. Nas raras vezes que dirigimos perto da vila, ela fica pálida. Ela vira a cabeça para o outro lado e fecha os olhos. Pergunto-me se um dia o mundo saberá. Se a verdade virá a tona, sobre o que aconteceu ali. Ou se continuará um segredo para sempre, enterrado no passado obscuro, perturbador.'' (pag. 196)
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