Monday, April 29, 2013

The Language of Flowers (Vanessa Diffenbaugh)

The Language of Flowers (A linguagem das flores) foi o primeiro livro publicado por Vanessa Diffenbaugh, e lançado aqui nos Estados Unidos em 2011.
Acredito que a descrição na orelha do livro explica profunda e poeticamente o seu conteúdo: ''A história de uma mulher cujo dom com as flores ajuda a transformar a vida de outras pessoas enquanto ela luta para superar seu passado''.

''Estou falando da linguagem das flores', disse Elizabeth. 'Da era Victoriana, como seu nome. Se um homem desse um buquê de flores para uma jovem, ela correria para casa e tentaria decifra-la como uma mensagem secreta. Rosas vermelhas significam amor; amarelas infidelidade. Portanto um homem teria que escolher suas flores cuidadosamente.'' (pag. 29)

Órfã, Victoria Jones passou a infância sendo jogada de um lado para o outro por famílias de criação (passou por 32 famílias até completar 18 anos!). Rebelde, logo que as Assistentes Sociais encontravam um novo lar, Victoria usava de seus melhores atributos para se distanciar e fazer com que as famílias a devolvessem... até que se deparou com Elizabeth. Elizabeth também havia perdido os pais cedo, há anos não falava com a única irmã, e havia um segredo pesado em seu peito, segredo pelo qual a impediu de ter tido sua própria família.

Quando Victoria é colocada aos cuidados de Elizabeth, esta promete nunca desistir. Caso ficassem juntas por um ano, Elizabeth teria a chance de adotá-la legalmente. Após tantos anos sozinha, ela encontra a chance de experimentar a maternidade, de sentir que há alguém no mundo a quem possa direcionar todo aquele amor guardado por tanto tempo. Ela persiste apesar da rejeição de Victoria que fundo no fundo também quer ser amada e aceita, mas sua vida tem marcas demais para deixar que alguém se aproxime. Sentir o que é ser querida, saber o que é ter uma mãe, ter uma família, no fundo é isso que Victoria deseja mas ela não sabe como agir porque simplesmente nunca aprendeu - Não se pode dar o que nunca se teve.

O gelo começa a ser quebrado quando Elizabeth começa a ensina-la a linguagem das flores, que havia aprendido com seus pais. Agora Victoria tem como expressar através das flores o que não consegue verbalizar. O que ela não esperava é que Elizabeth também tivesse um passado. Com medo de perde-la e com ciúmes das marcas que ocupam espaço no coração da mãe, Victoria toma um passo impensado, só que o feitiço vira contra o feiticeiro e Victoria se vê levada mais uma vez pelo Serviço Social. Perde Elizabeth mas não perde a nova linguagem que aprendeu, e é esse novo idioma que a salva quando completa a maioridade e não mais pode ser amparada pelo governo.

Renata jamais imaginou o rumo que sua floricultura tomaria após contratar aquela moça calada, cheia de mistérios. Renata percebeu logo no início que Victoria era moradora de rua, assim como também percebeu o dom que ela tinha.

''Earl veio hoje', ela disse. 'Ele me pediu para te dizer que sua neta ficou feliz - ele disse que era importante que eu dissesse 'feliz' e não outra palavra. Ele disse que você fez algo com as flores para que isso acontecesse.'' (pag. 46)

Achei The Language of Flowers belamente escrito para um romance debutante, sem contar que ela nos presenteia com um dicionário de flores no final do livro! Victoria Jones faz o leitor viver uma montanha-russa de emoções, prepare a caixinha de lenços porque não há como não derramar lágrimas ao acompanhar a tragetória da nossa heroína tão profundamente humana. A história, que se passa aqui em San Francisco, vai se revelando em camadas, os capítulos se intercalam entre passado e presente. O personagem de Victoria foi muito bem desenvolvido, não sei se por experiência intrínseca, uma vez que Vanessa Diffenbaugh é mãe de criação (foster parent), ou por talento cabal. Só sei que os personagens são envolventes e causam simpatia de uma forma ou de outra.

Victoria Jones, mesmo passando por um mar de experiências, tem um ar bucólico. Uma melancolia se arrasta por muitos capítulos. É devastador... especialmente se você for mãe e ao chegar naquela parte e reconhecer os sintomas de Depressão Pós-Parto, você quer gritar, implorar para que ela levante, peça ajuda, respire fundo, por que está fazendo isso? Esquece o passado, dá uma chance para o futuro... daí o coração enche de esperanças. E assim vai a cada capítulo, você torce, você reclama, você quer sacudi-la para que acorde para a vida, você se emociona com o impacto que as flores causam na vida das pessoas, acreditem elas ou não, elas voltarão com um sorriso no rosto e compartilharão... Depois de ler esse livro, você jamais verá flores da mesma maneira!

Friday, April 26, 2013

The Happiest Baby on the Block (Harvey Karp)

E olha eu aqui finalmente!
Li The Happiest Baby on the Block - O bebê mais feliz do pedaço - do pediatra Harvey Karp, M. D. por recomendação do pediatra da Valentina, ela tinha apenas 3 semanas e começando aquela fase de choros durante a noite. Após ler o livro, tive a certeza que todas as mães deveriam ler, ou pelo menos tomar conhecimento sobre as recomendações do Dr. Karp (ele começou seus estudos sobre bebês em 1970!), nem que seja apenas por desencargo de consciência, para tentar ajudar nossos pequenos nessa fase reconhecida como a fase das cólicas.

Antes de mais nada, devo dizer que eu li, pratiquei, e funcionou com a Valentina. Não aconteceu de um dia para o outro, é preciso persistência e paciência mas funciona, funciona mesmo se for levado a sério. Outro ponto que devo mencionar para os que desejam ler o livro é que após alguns capítulos fica um pouco repetitivo, as recomendações são simples e poderiam ser explicadas de maneira mais breve, não precisava ter se estendido por todas as 260 páginas, mas ainda assim há outras dicas e testemunhos de pais de como eles usaram os 5 passos na sua própria maneira, o que funcionou ou não para seus filhos. Há também dicas do que fazer e como reconhecer se seu bebê tem cólicas por motivos como intolerância a lactose, refluxo de suco gástrico, necessidade de arrotar, excesso de estímulo, etc.

Dr. Karp começa explicando a sua teoria do por quê os bebês sofrem de cólicas nos primeiros 3 meses fora do útero materno. Durante a nossa evolução, nós homo sapiens tivemos nosso quadril diminuído para que nos adaptássemos a nossa nova vida bípede, por essa razão os bebês humanos nascem 3 meses antes do tempo, para que seja possível passar pelo canal uterino durante o parto. Como os cangurus, nossos bebês são forçados a crescer fora do útero por 3 meses, só que diferente dos cangurus, não temos o saquinho na barriga para agasalha-los e mantê-los com aquela sensação de que ainda estão dentro da barriga da mamãe. Eis o motivo das cólicas, uma vez que nossos bebês não têm a chance de ter o quarto trimestre, eles sentem falta do ambiente que tinham dentro do útero materno.

Imagina você, cuidado com carinho, ninado, alimentado, aconchegado durante 9 meses dentro da barriga da mamãe, e de uma hora para outra... bum! luzes, te puxam, te empurram, te seguram pelas pernas, alguém enfiando um negócio dentro da sua boca que você é forçado a chupar, você faz xixi e coco em fraldas, e te colocam para dormir numa cama (o que é uma cama?) sozinho, num silêncio tedioso, sem aquele balanço suave da mamãe caminhando, andando com você dentro da barriga. É um trauma!

''Vamos regressar ao tempo que o feto ainda estava na barriga e ver a vida pelos olhos dele. (...) Lá na sua placenta pulsante; como um restaurante vinte e quatro horas, servindo seu feto um banquete constante de comida e oxigênio.
No centro, num lugar de honra, está seu bebê precioso. Protegido da fome, germes, vento frio, animais malvados, e irmãos indisciplinados pelas paredes aveludadas da sua barriga.'' (pag. 63)

E o que fazer para diminuir esse impacto após a expulsão? Utilizar os 5 S's para imitar as sensações do útero. Vale ressaltar que os passos abaixo devem ser usados após alimentar e trocar a fralda dos bebês, quando estiverem preparando para dormir, preferivelmente seguindo a mesma ordem pelo menos para os 3 primeiros passos. Eis aqui os 5 S's do Dr. Karp:

1. Swaddling - como na figura abaixo, swaddling é o ato de enrolar o bebê de modo que seus braços e pernas fiquem restritos, como num pacote, impedindo o Reflexo Moro - aquela sensação de estar caindo que acontece até mesmo conosco quando adultos, e é ainda mais intensa com bebês por não terem coordenação motora. Pode-se usar um cobertor ou manta quadrado (como na foto), ou, no meu caso eu usei o SwaddleMe (vendido ai no Brasil sob o mesmo nome, um cueiro ajustável para enrolar bebês -  veja aqui) porque meu marido nunca acertou enrolar a Valentina direitinho com o cobertor.
Não desista se seu bebê estiver chorando e chorar ainda mais depois que enrola-lo nas primeiras vezes, esse passo vai ajudar a acalma-lo para que preste atenção nos passos seguintes.

Se enrolar o bebê com o cobertor, recomenda-se usar
uma fita adesiva para assegurar a última ponta do
pano para que não se desenrole - Pag. 126
2. Side/Stomach = Lado/Estômago - para bebês agitados ou já em estado de choro, a pior coisa é coloca-los deitados de costas ou segura-los nessa posição, Dr. Karp recomenda segura-los de lado, ou de bruços em seu braço - como na foto abaixo. Meu antebraço é curto, então de bruços não funcionou comigo apenas com o marido, mas de lado funcionou e ainda funciona.

Pag. 126

Atenção: Embora as posições de lado e de bruços ajudem a acalmar os bebês, a Academia Americana de Pediatria recomenda nunca colocar bebês para dormir de bruços, apenas de costas. Estudos mostram que bebês que dormem de bruços tem maiores chances de asfixia e de SIDS, ou em português, Síndrome da Morte Súbita Infantil (leia mais sobre essa síndrome aqui).
''Numa vitória gigante para as famílias, conseguimos diminuir o índice de mortalidade por SIDS de seis mil bebês por ano para três mil e quinhentos, só pelo fato de colocar bebês para dormir de costas.'' (pag. 131)
3. Shhh = Xiiiii - isso mesmo, chegar pertinho do ouvido do seu bebê e fazer xiiii, xiiii, xiii. O volume do xiii deve acompanhar o volume do choro. Esse ato ativa o reflexo que acalma os bebês porque imita o som que ouviam no útero, do sangue da mãe sendo transportado pelas veias e artérias, e das batidas do coração. Segundo pesquisas, esse som uterino equivale ao barulho de um aspirador de pó, ou o secador de cabelo. Imagina passar 9 meses ouvindo um secador de cabelo 24 horas por dia, e sair do útero para um silêncio tedioso? Bebês detestam silêncio! Depois pode também ser usado músicas de ninar, sons suaves. Valentina agora dorme ouvindo as ondas do mar.

4. Swinging = Balançar - agora que seu bebê está enroladinho, de lado no seu colo, e você está xiiiiiando ele, comece a balança-lo de um lado para o outro, ou levemente para cima e para baixo, ou, caso já esteja calminho, pode fazer como os exemplos 2 e 3 na foto abaixo. Lembre-se que esse passo é para balançar, não chacoalhar seu bebê para não causar danos cerebrais (leia sobre a Síndrome do Bebê Sacudido aqui).

Pag. 127
5. Sucking = Sugar ou chupar - segundo Dr. Karp, chupar acalma e é saudável porque diminui o nível de stress e estimula a liberação de um químico no cérebro dos bebês que alivia a dor e diminui sofrimento. Chupar também diminui o risco de SIDS, ou em português, Síndrome da Morte Súbita Infantil (leia mais sobre essa síndrome aqui). De acordo com Dr. Karp, bebês só se acostumam com hábitos após o quarto mês, e ele aconselha a parar de usar chupeta entre 4 e 6 meses para que não aumente o risco de infecção no ouvido. Eu estava relutante para usar a chupeta, no início preferi dar o peito ao invés mas meu marido acabou me convencendo, e convencendo a Valentina a usar. Ela estava usando direto até que descobriu os dedinhos, já faz 5 dias que ela recusa a chupeta e prefere os dedinhos, e ela já se acalma sozinha usando-os, então estou feliz.

- Passos 3, 4 e 5 devem ser repetidos até o bebê dormir.

Valentina usando o swaddling
de cobertor no hospital
Demorou por volta de 3 semanas para a Valentina se acostumar com os outros 4 passos porque swaddling me ensinaram no hospital então ela já ficava enroladinha desde que nasceu. Nas primeiras 2 semanas eu não quis usar a chupeta então ela demorava as vezes 2 horas para cair no sono mas começou a dormir por 3 horas seguidas (imagina você xiando e balançando por 2 horas toda noite! quase cavei um buraco no chão do meu quarto andando de um lado para o outro). Assim que introduzimos a chupeta também comecei a criar uma rotina para ela - fazendo praticamente as mesmas coisas nos mesmos horários: ir para o quarto por volta de 8:30, diminuir as luzes, trocar fralda, mamar, ler um livro, swaddling, chupeta, ligo a musiquinha com o barulho do mar, carrego de lado, xiii, balanço... o tempo diminuiu para 40, 30 minutos em poucas semanas, e antes mesmo de ela completar 2 meses ela já estava dormindo por pelo menos 5 horas seguidas!

Valentina agora está com 3 meses e meio, dorme por pelo menos 6 horas seguidas durante a noite, o máximo até agora foram 10. Tivemos que parar de usar o swaddle porque ela já está virando de lado, ficamos com medo dela de repente virar de bruços e sufocar. Mas mesmo ela não dormindo mais enrroladinha sigo os outros 4 passos e são poucas as vezes que temos que nina-la por mais de 15 ou 20 minutos até que caia no sono.

''Quanto mais você amar e abraçar seu bebê, mais confidente e resiliente ele se tornará''. (pag. 69) 

Saturday, April 20, 2013

Poema de Sábado

In the Garret
No Sótão

(...)
Four little chests all in a row,
Quatro bauzinhos enfileirados,
Dim with dust, and worn by time,
Escurecidos com poeira, e gastos pelo tempo,
Four women, taught by weal and woe
Quatro mulheres, ensinadas por conforto e aflição
To love and labor in their prime.
A amar e trabalhar no seu auge.
Four sisters, parted for an hour,
Quatro irmãs, separadas por uma hora,
None lost, one only gone before,
Nenhuma perdida, uma apenas partiu antes,
Made by love's immortal power,
Feitas pelo poder do amor imortal,
Nearest and dearest evermore.
Próximas e queridas sempre.
Oh, when these hidden stores of ours
Oh, quando esses nossos segredos
Lie open to the Father's sight,
Abertos forem aos olhos do Pai,
May they be rich in golden hours,
Possam eles ser ricos  em momentos dourados,
Deeds that show fairer for the light,
Obras que se mostram mais juntas diante da luz,
Lives whose brave music long shall ring,
Vidas cuja música brava tocará por longo tempo,
Like a spirit-stirring strain,
Como um espírito que sacode a tensão,
Souls that shall gladly soar and sing
Almas que alegremente  planarão e cantarão
In the long sunshine after rain.
Pelos raios do sol depois da chuva.


Poema by Jo March
do livro Little Women (Louisa May Alcott), 
pags. 452-453

Saturday, April 13, 2013

Poema de Sábado

In the Garret
No Sótão

Four little chests all in a row,
Quatro bauzinhos enfileirados,
Dim with dust, and worn by time,
Escurecidos com poeira, e gastos pelo tempo,
All fashioned and filled, long ago,
Decorados e preenchidos, anos atrás,
By children now in their prime.
Por crianças agora no seu auge.
Four little keys hung side by side,
Quatro chavezinhas penduradas lado a lado,
With faded ribbons, brave and gay
Com laços desbotados, bravos e felizes
When fastened there, with childish pride,
Quando ali colocados, com orgulho de criança,
Long ago, on a rainy day.
Anos atrás, num dia chuvoso.
Four little names, one on each lid,
Quatro nomezinhos, um em cada tampa,
Carved out by a boyish hand,
Encravados por uma mão com jeito de menino,
And underneath there lieth hid
E lá embaixo jaz escondido
Histories of the happy band
Histórias da banda feliz
Once playing here, and pausing oft
Que um dia lá brincou, e pausando frequentemente
To hear the sweet refrain,
Para ouvir o doce refrão,
That came and went on the roof aloft,
Que vinha e ia no telhado acima,
In the falling summer rain.
Da chuva de verão que caía.

Poema by Jo March
do livro Little Women (Louisa May Alcott), 
pags. 450-451

Monday, April 8, 2013




Tenho lido Little Women da Louisa May Alcott há pouco mais de um mês, quase no fim, e já não quero que a história termine. Comprei esse livro há alguns anos, quando a Borders estavam fechando suas portas e me perguntava porque estava demorando tanto para ler porque eu amo o filme e já assisti tantas e tantas vezes... hoje sei. Por que agora sou mãe, estou lendo com outros olhos. Essa história é tão linda, trata de tantos tópicos sensíveis que sei que se tivesse lido antes não teria dado o mesmo valor que dei ao ler nesse meu momento. O filme, apesar de muito bom, não retrata nem a metade do que acontece no livro e há muita alteração.

A mãezona Sra. March aborda com tanta sabedoria e sutileza assuntos como religião, relacionamentos, criação de filhos, etc., pobreza e morte, aconselha de forma tão simples e amorosa que por vezes me pego desejando ter a mesma mansidão e sabedoria quando tiver que discutir esses assuntos com a minha Valentina.

Meg, Jo, Beth e Amy tornaram-se parte da minha vida nesse último mês, e quando acordamos de manhã eu pergunto logo da Valentina... ''Queres saber o que aquelas meninas estão aprontando hoje? Vamos saber?''

E assim eu começo meu dia... lendo Little Women para a minha Valentina.