Thursday, July 30, 2009

Las Vegas

Las Vegas foi o destino escolhido para uma semana de férias no início de julho, como disse a famosa fotógrafa americana Diane Arbus:

"My favorite thing is to go where I've never been".

Para aqueles que desejam um dia visitar a Sin City, eis que deixo algumas dicas.

Primeiro: não esqueçam de botar na mala um bom protetor solar, por ficar no meio do deserto, a temperatura em Vegas durante o dia facilmente chega ao 108ºF (42ºC) de Maio a Agosto - tendo picos de 112ºF (44ºC) - roupas leves e muita água.

Aconselho também a escolherem um hotel na Las Vegas Blvd., chamada carinhosamente de "the Strip" onde os hotéis/cassinos mais famosos estão. Sim, a maioria dos hotéis localizados na strip tem diárias caríssimas, mas dá pra economizar ficando nos hotéis 3 estrelas (Tropicana, Excalibur, Flamingo... por serem mais antigos, tem diárias mais baratas). Contudo, não sei a condição dos apartamentos.

O preço das diárias são absurdamente mais baratos se alugados durante a semana - por exemplo, o hotel
MGM Grand (no qual fiquei) tem diárias de $80 durante a semana, enquanto que no fim de semana não se encontra por menos de $130. O mesmo acontece com o New York, New York (que fica bem em frente ao MGM). Outros bons hotéis próximos ao MGM - Luxor , decorado com temas Egípcios, é uma enorme pirâmida preta, com direito a faraós como recepcionistas (tem uma exposição de artefatos do Titanic, e outra muito boa mas totalmente estranha, é uma exposição de corpos humanos... uuui - Chris Angel se apresenta lá também), e o Mandalay Bay (este último, bem como o MGM, sempre tem os lutadores da UFC e WEC como atração).

Foto: New York, New York

Mas se querem luxo e não se importam em gastar um pouco mais, um dos hotéis que achei fantástico foi o The Venetian decorado no estilo italiano, com direito ao canal de Veneza, gondoleiros e tudo (passeio de Gôndola $16). Fora a réplica da Capela Sistina e da Praça São Marcos de Roma.

O hotel
Paris também é lindo, com a Torre Eifel (com um restaurante panorâmico) e o Arco do Triunfo em frente, tem a enorme vantagem de ficar em frente ao Bellagio e poder curtir o show das águas de camarote! O famoso Mirage fica bem ao lado do Ceasar Palace e do Bellagio, ambos tremendamente luxuoso e considerados os melhores hotéis de Vegas. PS: o show das águas acontece a cada hora e tem sempre uma multidão disputando lugares mas vale a pena esperar uns minutinhos e sentir que é parte de "Onze homens e um segredo", sem os milhões de dólares, claro (rs).

Não se pode perder também os fantásticos shows que Vegas tem a oferecer. Assiti
(primeiras fileiras variam de $140 a $180), no MGM Grand e Zumanity (primeiras fileiras $140 a $190), no New York, New York, ambos do Cirque du Soleil. Confesso que preferi o Ká, a grandiosidade do espetáculo impressiona.

Foto: Show das águas do Bellagio
Zumanity foi bastante engraçado, é o lado sensual do Cirque du Soleil, mas não vi nada de inovador, pessoas fazendo trapézio e malabares, piadas e voando pelos ares, como outros shows do Cirque du Soleil, com o fato que estavam parcialmente pelados.

Queria ver o
"O" do Cirque, que é apresentado no Bellagio mas os dias não coincidiram, o marido - que já havia assistido, confirmou que é muito bom, bem melhor que KÁ.

Outro conselho... como os os hotéis que ficam próximos são interligados por pequenas pontes, é fácil, fácil começar a andar de um para o outro desde o MGM e acabar no The Venetian... o problema é que com o entra e sai dos hotéis (e o fato que as pontes são externas) o choque térmico acaba com a garganta, levar Vitamina C ou Airborne fará muito bem.

Outro fato que decepcionou: nem se empolguem para ficar no badalado
Hard Rock Hotel, apesar de ter Carlos Santana como atração, o hotel fica bem longe da Las Vegas Blvd, mas longe mesmo, é preciso pegar taxi para chegar na strip.

O que me deixou impressionada foi a quantidade de pais com crianças, estava a ponto de perguntar que tipo de pai leva seus filhos para Vegas. Las Vegas não é lugar nem ambiente para crianças, não tem atração para criança (não dá para considerar nem o Circus, Circus, não acho apropriado), não é a toa que a Vegas é chamada de Cidade do Pecado... não se anda um centímetro sem ter dezenas de mexicanos entregando panfletos de prostitutas, as ruas de Vegas são cobertas por papelzinhos de propaganda das damas da noite (e por lá, do dia também). Por isso, pais... por favor, levem seus filhos para qualquer outro lugar, Disneylândia, Hawaii, etc, etc... mas não para Vegas!

Para aqueles que estão indo, boa viagem!
Para aqueles, que como eu, querem voltar... avisem quando estão indo... quero ir também!

Foto: Hotel Paris

















Tuesday, July 14, 2009

Sense and Sensibility (Jane Austen)


Confesso que fiquei um pouco decepcionada com a história... considerando Orgulho e Preconceito como ponto de vista, Jane Austen não foi muito original em Razão e Sensibilidade, a obra guarda algumas surpresas, chega-se a pensar que não ficarão juntos mas lembrando que o livro é um romance, e ainda por cima, escrito por Austen, com certeza tudo dará certo no final. O filme com Emma Thompson e Hugh Grant também decepciona, mudaram parte da história e personagens... nem sei porque ainda cito isso, é o que sempre fazem quando adaptam para o cinema!


Então, Sense and Sensibility me fez lembrar o poema Quadrilha do Drummond... "João amava Teresa, que amava Raimundo"...

Henry Dashwood em seu leito de morte, pede ao filho John Dashwood que tome conta das meio-irmãs e da esposa. Sendo mulheres, as filhas não têm direito a casa, que automaticamente passa para o poder de John.

O problema é que John Dashwood é casado com a mesquinha e manipuladora Fanny que após ser informada do pedido do sogro, trata de fazer a cabeça de John, nenhum auxílio financeiro será dado, provavelmente Henry Dashwood referiu-se apenas a um auxílio moral, ou o favor de encontrar uma boa moradia para as filhas e a viúva.

Fanny faz-se senhora da nova casa o mais rápido possível, conviver com Fanny torna-se uma tortura, Mrs. Dashwood apoia-se nas filhas Elinor (a mais velha - madura, inteligente, toma conta das finanças da família), Marianne (sensível e esperta, mas ardente em tudo... na tristeza, na alegria... seus sentimentos não têm moderação. Generosa, amável, interessante: era tudo, menos prudente - pag. 4), e Margaret (13 anos, bem humorada e disposta, mas já adquirindo parte do romantismo de Marianne, sem muita racionalidade - pag. 5)

Fanny tem como irmão Edward Ferrars, cavalheiro e gentil, o filho mais velho de um homem que morreu muito rico, cuja fortuna depende da vontade da mãe Mrs. Ferrars. Edward era tudo o que a mãe não queria, tímido, de bom coração, sem pretensões políticas ou ambição, desejava um posto na igreja. O irmão mais novo Robert Ferrars é o oposto de Edward, ambicioso, estudioso, busca alcançar um alto nível social, o preferido da mãe (mas pouco ouve-se falar dele durante grande parte da história). Edward e Elinor tornam-se amigos, a proximidade dos dois afeta ainda mais o temperamento de Fanny para com Mrs. Dashwood e suas filhas.

O alívio vem na carta de Sir John Middleton, parente distante de Mrs. Dashwood, oferencendo um sobrado em sua propriedade, como nova moradia para as Dashwood.

Mrs. Dashwood sente pela separação de Edward e Elinor, apesar de Elinor nunca ter confessado seus sentimentos por Edward, Mrs. Daswhood sabe que a filha ama Edward e o convida para visitar a nova casa assim que possível.

A nova casa é incomparável com a antiga residência, porém Mrs. Dashwood toma como tarefa, fazer de Devonshire um confortável lar para as filhas.
Sir John tem como prazer principal promover pequenas reuniões e jantares em sua casa, daqueles que gostam da casa sempre cheia de gente (para desgosto da esposa Mrs. Middleton, que não nutre nenhuma afeição pelas Dashwood e sempre que possível se isola das visitas para ficar com os filhos)... tem como hóspedes a sogra Mrs. Jennings e Colonel Brandon.

Mrs. Jennings é uma figura! Fofoqueira e tagarela, é daquelas que consegue ler os sentimentos mais íntimos de alguém de tal maneira que impressiona. É a primeira a perceber os sentimentos de Colonel Brandon com relação a Marianne - "vai ser um excelente par, porque ele é rico, e ela é linda" (pag. 34)

Marianne começa a criar um certa aversão ao Colonel Brandon, primeiro que ele é bem mais velho (35), não demonstra interesse em Literatura (uma das suas paixões), e também não é bonito.
Durante uma de suas caminhadas com Margaret, Marianne machuca o pé, é quando conhece Mr. Willoughby (aquele que há de herdar Allenham). Willoughby carrega Marianne para casa, ela se apaixona... ele também (é o que parece).

Willoughby tem todas as características que atraem Marianne, é bonito, ama Literatura, recita poesias, gosta de caminhadas, é inteligente e herdará uma boa fortuna. Em pouco tempo tornam-se amigos inseparáveis (ou um pouco mais), todos já dão o casamento como certo, Mrs. Jennings faz questão de espalhar aos quatro ventos a união certa dos dois. Willoughby até mesmo pede um pedaço de cabelo de Marianne, Elinor testemunha secretamente o fato. Colonel Brandon sofre calado e numa tarde em que os moradores de Devonshire e Barton iriam visitar a propriedade do seu cunhado, Colonel Brandon recebe uma carta inesperada e em súbito parte para Londres, deixando todos na curiosidade e decepcionados.

É nessa ocasião que Mrs. Jennings fofoca para Elinor sobre a suposta filha de Colonel Brandon, deve ser esse o motivo da brusca partida.
Outra brusca partida acontece, Willoughby que havia prometido jantar com as Dashwood no dia seguinte, aparece pela manhã para informar que deve partir para Londres imediatamente, deixando Marianne aos prantos.

Chega à casa de Sir John em Barton Park, as irmãs Steele, Lucy e Miss Steele.

Os dias passam sofridamente, Marianne vê Willoughby em todos os cavaleiros que se aproximam. Elinor e Mrs. Dashwood conversam secretamente e acreditam que Willoughby e Marianne estão secretamente noivos mas nenhuma das duas têm coragem de questionar Marianne sobre o assunto.

Lucy Steele aproxima-se de Elinor e confessa seus segredos. Há quatro anos está secretamente noiva de Mr. Ferrars. A princípio Elinor imagina que Lucy refere-se a Robert (irmão mais novo de Edward) - não, refiro-me a Edward, Edward Ferrars. Elinor tenta esconder o choque da notícia, impossível ser Edward, mas os detalhes contados por Lucy, as situações, os fatos... impossível ser diferente. Lucy e Edward tem um romance!

Quando Mrs. Jennings anuncia sua partida para Londres para passar o inverno e menciona sua intenção de levar consigo Elinor e Marianne, Mrs. Dashwood aceita sem mais delongas. Marianne em êxtase envia uma carta a Willoughby assim que chegam a capital. Nenhuma resposta. Mrs. Jennings começa a notar a ansiedade de Marianne a espera de Willoughby. Na festa promovida por Sir John, Willoughby não aparece apesar de ter sido convidado. Outras cartas são enviadas, sem nenhuma resposta. Mrs. Jennings anuncia em Londres o relacionamente entre Willoughby e Marianne.

O encontro finalmente acontece durante um baile. Elinor é a primeira a notar Willoughby conversando entusiasdamente com uma jovem. Quando Marianne finalmente o nota e Willoughby aproxima-se para conversar com as Dashwood, Marianne choca-se com a formalidade do encontro. "Meu bom Deus! Willoughby, o que significa isso? Não recebeste minhas cartas? Não vais me cumprimentar?" (pag. 161)

Aquele nem parecia ser o mesmo Willoughby que tinha conhecido em Barton Park, após poucas frias palavras, Willoughby se despede e volta para a conversa com a jovem - Miss Grey e deixa o baile em seguida. Marianne escreve uma carta para Willoughby assim que chega em casa, a resposta chega... para sua surpresa Willoughby nega qualquer ligação sentimental, devolve as cartas enviadas anteriormente e o cabelo. Questionada por Elinor, Marianne confessa entre lágrimas que nenhum compromisso havia sido feito, não estavam secretamente noivos, tudo fora subentendido.

Lucy Steele visita Elinor... Edward aparece inesperadamente, os três ali no mesmo ambiente, aquela estranha sensação. Edward decide partir, Lucy oferece para acompanhá-lo.

O casamento de Willoughby com Miss Grey acontece, Marianne entra em depressão. Mrs. Jennings tenta ser de alguma ajuda, conforto, mas Marianne está inconsolável. Elinor sofre ali com a irmã. Durante uma conversa, Colonel Brandon confessa sua história para Elinor. A filha que supostamente teria, é na verdade filha da única mulher que amou na vida enquanto adolescente... ela acabou casando com seu irmão e após anos de um sofrido casamento, fugiu grávida, sofreu na pobreza e doente até ser achada por Brandon, que prometeu cuidar da criança após sua morte. A criança cresceu e agora adolescente, conheceu um jovem que lhe prometeu o mundo, engravidou, o jovem sumiu... Quem era o jovem? Willoughby. A atitude de Marianne para com Colonel Brandon muda após saber da história.

Fanny e John Dashwood chegam à Londres para o inverno. John visita as irmãs, interessado em conhecer os amigos das irmãs para fazer novos contatos. Percebe-se aqui que John e Fanny tem muitos pontos em comum, ambos são interesseiros, ambos buscam ricos contatos para subir de classe social. John conhece Mrs. Jennings e Sir John e pelo pouco contato, interessa-se pela fortuna de Colonel Brandon, que estando em Londres, visita a Mrs. Jennings e Elinor diariamente.

John já prediz o casamento de Elinor e Colonel Brandon. Fanny é apresentada a Mrs. Middleton (esposa do Sir John) e tornam-se amigas. Fanny também conhece Misses Steele, trata as irmãs com boas maneiras porque estão hospedadas na casa de Mrs. Middleton. Quando John informa seu desejo de convidar suas irmãs para passar uns dias em sua casa, Fanny o informa que já havia convidado as Misses Steele.

Durante a estadia na casa de John Dashwood, as irmãs Steele, bem como Elinor conhecem Mrs. Ferrars, mãe de Fanny e Edward, durante um jantar promovido por John Dashwood. Em uma das conversas Miss Steele deixa escapar o relacionamente secreto entre sua irmã Lucy e Edward. As irmãs são escurraçadas da casa dos Dashwood!

A notícia corre pela cidade, Mrs. Ferrars promete desherdar Edward caso o noivado não seja desfeito. Edward pode não ter muitos talentos mas é um homem de palavra. Cumpre sua promessa e mantem o noivado, sua herança é dada ao seu irmão Robert, que será emancipado.

Marianne sofre agora pela irmã, Elinor confessa que há tempos sabia da história, confessada a ela por Lucy. Marianne sente-se egoísta por seu sofrimento, sente culpa por sua atitude enquanto a irmã deveria estar sofrendo muito mais e em segredo.

Edward decide estudar para ser um clérigo, quando se formar casará com Lucy - é o combinado. Sem ter onde morar e onde trabalhar, Edward agora é pobre. Colonel Brandon sabendo do fato e tendo conhecimento de que Elinor e Edward são amigos, decide ajudar contratando Edward para ser o clérigo de sua propriedade, doando um sobrado para sua moradia. Elinor é quem dá a notícia a Edward.

As irmãs Dashwood decidem voltar para casa, contra a vontade de Mrs. Jennings e Sir John. Marianne não vê a hora de caminhar sozinha pelas montanhas de Devonshire, deseja a liberdade de amargar seu sofrimento sozinha, seu direito de chorar suas mágoas. Aceitam o pedido de Sir John de acompanhá-los a Cleveland antes de voltarem para Devonshire, ao chegarem Marianne decide caminhar pelas redondezas, um temporal se aproxima, não consegue voltar para a casa a tempo.
Colonel Brandon preocupado, procura Marianne no meio da tempestade, volta com sua (ainda!) amada em seus braços. Para o desespero de todos, Marianne fica terrivelmente doente e vai morrendo aos poucos de Putrid Fever (não tenho a menor idéia do que seria essa febre em português, a tradução literal seria Febre Podre, segundo a definição do site google, seria Febre Tifóide - mas as características/sintomas do Wikipedia não condizem com as descritas por Austen no livro - se alguém puder explicar, eu aceito!)

Elinor cuida amorosamente da irmã, o médico já não mais deixa a casa, os remédios não dão resultado. Desesperado, Colonel Brandon parte para Devonshire para buscar Mrs. Dashwood. É nesse meio tempo que Marianne tem uma leve melhora, e uma carruagem se aproxima, pensando ser a mãe e o Colonel, Elinor corre para recebê-los e encontra Willoughby.
Abatido e bêbado, Willoughby veio em busca de notícias e de perdão. Soube da doença de Marianne e partiu assim que pode, receioso de que não chegaria a tempo de pedir perdão da amada (!!! é, Willoughby amou Marianne... ou ainda ama!).
Elinor testemunha seu desabafo, a contragosto: Sim, ele amou Marianne desde que a conheceu, mas sabia da situação financeira das Dashwood. O dote de Marianne não permitiria manter a ostenta e prazerosa vida que levava, seriam pobres. Conheceu Miss Grey e logo tomou conhecimento de sua fortuna, a esposa sempre soube de seu sentimento por Marianne mas nunca se importou, casou sem amor e por dinheiro, seu casamento é uma lástima e infeliz. Confessa o mau passo para com a adotada de Colonel Brandon mas se diz inocente por iludí-la. Veio para pedir perdão por todo o sofrimento que causou, será eternamente infeliz por isso e ao saber que Marianne sente-se melhor, confessa que também será infeliz por vê-la casada e feliz.

Elinor o ouve impacientemente, sente pena de Willoughby mas pede que ela parta.

A mãe chega desesperada mas alivia ao saber que Marianne se recupera. Em poucos dias partem para Devonshire. Colonel Brandon diz que visitará em breve. Um dos empregados das Dashwood retorna de Exeter com a notícias do casamento de Lucy Steele e Mr. Ferrars, Mrs. Dashwood não acredita mas o empregado confirma e diz que a própria Miss Steele, agora Mrs. Ferrars, informou. Ela o reconheceu em frente ao New London Inn, o chamou e contou as novidades, Mr. Ferrars estava com ela na carruagem, ele pode ver PARTE do seu corpo. Eles casaram há poucos dias e estão a caminho do interior.

Elinor tenta controlar suas emoções, Marianne, com seu temperamento sanguíneo, deixa o recinto às lágrimas, a mãe questiona o empregado ainda não acreditando na notícia.
Em poucos dias recebem a visita de Mr. Edward Ferrars, Mrs. Dashwood pergunta por Mrs. Ferrars (a esposa), Edward diz que a mãe está bem. Não! Não Mrs. Ferrars mãe, a Mrs. Ferrars esposa!

E aqui Edward informa a confusão. Lucy Steele casou com seu irmão Robert Ferrars. Após sua partida para a escola teológica o noivado continuou, bem como as cartas de amor, porém há pouco mais de 3 semanas, Edward recebeu uma carta rompendo o compromisso e avisando do casamento de Lucy e Robert. Robert agora emancipado e rico, não correria o risco de perder sua fortuna e não devendo nenhuma satisfação para mãe, uma vez que sua situação social não dependia mais dela, decide casar com Lucy com quem começou a ter contato após saber do noivado secreto com Edward, apaixonaram-se aos poucos e agora casaram.

Edward confessa seu amor por Elinor, explicou que o noivado com Lucy aconteceu quando era muito jovem e apesar de não nutrir sentimentos pela jovem há tempos decidiu cumprir sua palavra mas agora estava livre para casar com Elinor.

Colonel Brandon retorna para visitar as Dashwood, Marianne aceita o cortejo do Colonel, em pouco tempo estarão casados...

E todos vivem felizes para sempre!


* Livro da Lista Rory Gilmore.

Thursday, July 2, 2009

A thousand splendid suns (Khaled Hosseini)




"Mariam tinha cinco anos de idade quando ela ouviu pela primeira vez a palavra harami."

O destino de Mariam nunca foi muito promissor.
Filha bastarda de um rico empresário em Herat chamado Jalil que, apesar de ter suas 3 mulheres, engravida a servante Nana. Obrigada a deixar a casa onde trabalha, Nana é exilada numa kolba, construída pelo próprio Jalil, a alguma distância da cidade.

Mariam cresceu iludida com o amor do pai. Jalil a visitava uma vez por semana e era esperado com ansiedade e animação pela filha. Sempre a tratava com carinho, contava histórias da cidade e dos filmes em exibição no cinema que era proprietário e desmentia as alegações de Nana.

Nana era o oposto de Jalil, cheia de ressentimentos e amargura pela sua situação, sempre explodia seus comentários e desilusões em Mariam.


"Você é uma harami desajeitada. Esse é o meu prêmio por tudo que
tenho suportado. Uma quebradora de bens de família, harami desajeitada."

Quando completa 15 anos, Mariam pede de presente do pai sua ida ao cinema com o pai e seus irmãos e irmãs. Apesar de tentar argumentar, Jalil concorda e quando no dia marcado não aparece, Mariam decide procurá-lo. A mãe diz que morrerá se Mariam partir. É a primeira vez que Mariam deixa a kolba. É a primeira vez que Mariam vê a cidade de Herat. É quando descobre o significado da palavra harami.

Ao achar a casa do pai, o servante lhe comunica que Jalil não está em casa. Mariam passa a noite sentada na varanda a espera do pai - no frio, com fome e sede. Pela manhã quando o motorista a encaminha para o carro, Mariam percebe um rosto na janela do segundo andar, antes que ela identifique, desaparece. Aquele olhar, aquela barba... Mariam perde total amor por Jalil. Ao voltar a kolba, o motorista desesperado tenta cobrir seus olhos... o corpo de Nana embaixo da mesma árvore em que sentou vendo Mariam partir, pendurado em uma corda.

Mariam não pode viver com o pai e em poucos dias uma das esposas de Jalil comunica a Mariam que ela casará com um sapateiro de Kabul chamado Rasheed. Uma ótima maneira de se livrar de vez da vergonha de ter a filha bastarda do marido por perto.

Após o choque dos primeiros dias, Mariam começa a se adaptar a nova vida. Rasheed a trata com carinho, atenção, a leva para visitar a cidade, compra presentes. Mariam sente-se protegida e amada, afinal Rasheed é agora tudo o que tem. Em poucos dias é apresentada a burqa.

"E a burqa, ela aprendeu para sua própria surpresa, era também
confortante. Era como um espelho de duas faces. Olhando de dentro, ela era uma observadora, protegida dos olhos examinadores de estranhos. Não mais se preocupava se as pessoas sabiam, com um simples olhar, todos os vergonhosos segredos do seu
passado."
(pag. 66)


Rasheed quer um filho. Faz uma festa quando Mariam engravida, tem certeza que é um menino a quem chamará de Zalmai. Quando Mariam perde a criança, a atitude de Rasheed muda completamente. Após as várias outras tentativas resultando em abortos espontâneos, Mariam perde as esperanças de ser mãe, agora é espancada, humilhada e tratada como uma empregada.

Em 1992, Laila entra na vida de Mariam.

Laila era a filha mais nova de Mamy e Babi. Babi era professor universitário antes de Kabul ser invadida e agora trabalha numa panificadora, casou com a prima Mamy. Tinham 3 filhos, Ahmad e Noor, os mais velhos haviam se alistado ao Mujahideen para lutar pela liberdade do Afeganistão, e Laila, a querida de Babi, inteligente, uma das melhores estudantes da classe, Babi via em Laila um futuro brilhante.

"Eu sei que você ainda é jovem, mas quero que você entenda e aprenda isso agora. Casamento pode esperar, educação não. Você é uma garota muito, muito brilhante. De verdade. Você pode ser qualquer coisa que queira, Laila. Eu reconheço isso em você. E eu também sei que, quando essa guerra acabar, feganistão vai precisar de você tanto quanto de homens, talvez até mais. Porque uma sociedade não tem nenhuma chance de sucesso se suas mulheres forem ignorantes, Laila. Nenhuma chance." (pag. 103)


Laila tinha um grande amigo de infância chamado Tariq. Tariq havia perdido uma perna ao pisar numa mina quando visitava o tio em Ghazni mas mesmo assim defendia Laila dos meninos encrenqueiros na rua. A família de Tariq tratava Laila como filha e com a depressão da mãe, sentia-se mais em casa ali do que na sua própria casa.

Desde a partida de Ahmad e Noor, Mamy entra em depressão, quase não deixa o quarto, dorme grande parte do dia, esquece de buscar Laila no colégio. Quando a notícia chega de que Ahmad e Noor morreram em combate, Mamy culpa Babi... um covarde que deixa os filhos irem para a guerra enquanto ele permanece em casa.

A pressão da guerra aumenta, bombas e mísseis voam pelo céu de Kabul. Babi vê-se obrigado manter Laila em casa, ir a escola é um perigo. Laila começa a perder seus amigos para a guerra, Hasina é atingida por uma bomba ao voltar da escola. Babi sugere a Mamy que deixem Kabul antes que seja tarde, Mamy jamais deixará a cidade, sonha em ver o Afeganistão livre para honrar os filhos. Giti, outra grande amiga de Laila, havia deixado Kabul para um casamento arranjado. Tariq visita Laila para informar que estão deixando Kabul rumo ao Paquistão, Tariq a pede em casamento - assim terão chances de sobreviver. Laila era a única coisa que ainda importava na vida do pai, jamais o deixaria. Entre lágrimas, Tariq e Laila fazem amor. Sem dizer adeus, Laila fecha a porta, Tariq promete do lado de fora que voltará, que voltará para buscá-la.

Quando Mamy concorda em partir, a guerra já havia destruído quase toda a vizinhança. Babi sonha em ir para os Estados Unidos, a camisa que usava tinha a foto da Golden Gate Bridge, em San Francisco. Laila vê Mamy na janela do segundo andar, arrumando suas malas enquando ela mesma carrega os livros de Babi que serão vendidos para juntar dinheiro para partida. Quando o míssel atinge a casa, a última coisa que Laila vê ao atingir o chão é um pedaço de uma camisa com a foto de uma ponte.

É aqui que Laila entra na vida de Mariam, Rasheed socorre Laila e Mariam cuida até que esteja recuperada. Após um mês em recuperação, Laila recebe a visita de Abdul Sharif, após uma longa história Abdul diz que conheceu Tariq no hospital onde o mesmo lhe contou sua história - ônibus em que estava com a família havia sido bombardeado a caminho do Paquistão - Tariq havia sido único sobrevivente mas na manhã seguinte, não resistindo aos ferimentos, havia falecido.

Laila percebe as atenções de Rasheed e quando Mariam lhe informa que o marido deseja casar com ela, Laila aceita sem hesitar - há alguns dias havia percebido sua barriga crescer. Laila estava grávida, de Tariq.

Rasheed trata Laila com mais atenção do que tinha tratado Mariam nos primeiros meses. Mariam, por sua vez via Laila como rival, alguém que chegou para ocupar o seu lugar... agora que estava velha e marcada pelo tempo e a violência de Rasheed. Mariam e Laila tiveram brigas terríveis. A atitude de Rasheed muda completamente quando Laila dá a luz a uma menina, Aziza e suas dúvidas quanto a paternidade crescem porque Laila se recusa a ter relações com ele.

Mariam despreza a criança a princípio, sente uma certa inveja de Laila por nunca ter conseguido levar adiante uma gravidez. Em uma noite em que Rasheed enfurecido espanca Mariam, Laila tenta protegê-la, enfrentando Rasheed. Mariam finalmente tem alguém no mundo com quem pode contar.

Mariam encontra em Laila e Aziza o carinho e amor que sempre desejou ter. Tentam fugir com o dinheiro que Laila vem roubando de Rasheed há meses. São descobertas, espancadas e trancadas no escuro, sem comer ou beber por quase 1 semana.

Em 1997, Talibã começa a governar o Afeganistão, o que pensavam ser um recomeço, resultou no que conhecemos hoje (através da mídia e também do outro livro de Hosseini, O caçador de pipas). Rasheed, que desde que casou com Mariam manifestava apoio ao regime do Talibã, estava totalmente satisfeito com as novas regras.

Música, livros e televisão foram banidos do Afeganistão, até mesmo os pássaros foram proibidos de cantar e eram mortos. A repressão afetava mais diretamente as mulheres, proibidas de deixarem suas casas sem um familiar masculino, proibidas de mostrar a face, proibidas de usar maquiagem, roupas chamativas, falar, fazer contato visual, sorrir e pintar as unhas, bem como frequentar escolas e trabalhar.

É possível testemunhar o sofrimento das mulheres afegãs quando Laila, grávida do segundo filho, precisou dar a luz, após visitarem 3 hospitais foram informadas que apenas homens eram tratados ali. Apenas 1 hospital em Kabul trataria mulheres e este, transbordava de mulheres a procura de socorro médico. Após horas de espera, Laila foi atendida e a esse ponto precisava de cesariana. Sem medicamentos de qualquer tipo, Laila teve sua cesariana ali, sem nem mesmo anestesia.

Zalmai era adorado pelo pai, e como homem foi crescendo e criado com o conceito de que as mulheres são inferiores. A miséria tomava conta de Kabul, Rasheed perde sua sapataria para um incêndio, sem emprego e com as economias acabando, Mariam, Laila e Aziza passam fome porque o pouco que têm é de prioridade de Zalmai e Rasheed.

Rasheed consegue empregos aqui e ali mas sempre acaba sendo demitido, primeiro porque não consegue controlar seu temperamento, segundo porque é pego dormindo em serviço. Em pouco tempo nem mesmo ele e Zalmai escapam da escassez. É quando Mariam tem a idéia de procurar o pai, Jalil. Ao conseguir contato, descobre que o pai faleceu em 1987. Mariam lembra que em 1987, recebeu a visita de Jalil, jamais abriu a porta. Por horas Jalil esperou por uma resposta, viu rapidamente um rosto no segundo andar. Aqueles olhos, aquele rosto... Deixou para Mariam uma carta, que fora rasgada antes mesmo de ser aberta. Já doente, veio para se despedir.

Rasheed sugere que Laila entregue Aziza para um orfanato, a separação foi dura mas sempre que podia, Laila visitava a filha. Rasheed começa a trabalhar como porteiro de um hotel. É nessa ausência que Laila recebe uma visita inesperada.
"Seus joelhos enfraqueceram. Laila desesperadamente queria, precisava, procurar pelos braços de Mariam, seus ombros, seu punho, alguma coisa, qualquer coisa, para se apoiar. Mas não o fez.
Não se atreveu. Não se atreveu a mover um músculo. Não se atreveu a respirar, nem mesmo a piscar, por medo de que não seja nada além de uma miragem (...) abriu e fechou seus olhos, ele ainda estava lá.
Tariq ainda estava lá." (pag. 291)
A história da explosão do ônibus foi plantada pro Rasheed para fazer de Laila sua esposa. Era como se os dois ainda fossem aqueles adolescentes, como se o tempo não tivesse passado. Zalmai furioso com a mãe por estar falando com aquele estranho destratava Miriam que tentava acalmá-lo. Tariq havia voltada como prometido. Também voltaria no dia seguinte. Partiriam.

Partiriam em segredo se não fosse por Zalmai contar para Rasheed tudo o que havia se passado naquela tarde. Furioso Rasheed pergunta onde Zalmai esteve enquanto o estranho visitava. Com os olhos cheios de lágrimas, Zalmai viu seu veneno voltar contra si. Trancado no quarto, Zalmai ouve os gritos de Laila e Mariam enquanto Rasheed as espancava.

Laila grita que Rasheed mentiu para ela.
"E VOCÊ NÃO MENTIU PRA MIM? Você acha que eu não percebi? Acha que eu não sei da sua harami? Pensa que eu sou bobo, sua vagabunda?" (pag. 300)
Com ódio e descontrolado, Rasheed aperta o pescoço de Laila, aos poucos ela vai perdendo as forças... Mariam não consegue tirá-lo de cima da amiga. Corre para o quintal, volta com a pá, grita por Rasheed. Acertou ele na têmpora. A pancada o derrubou de cima de Laila.

Laila parte para o Paquistão com Tariq, Aziza e Zalmai.
Mariam decide ficar, mesmo com todo o sofrimento que a vida lhe trouxe, o amor de Aziza e Laila a fizeram extremamente feliz, era tudo o que ela tinha. Por outro lado, ela matou Rasheed, tirando de Zalmai o direito de ter um pai, jamais conseguiria viver com essa culpa. Sim, decide ficar e se entregar às autoridades Talibãs. A única mulher na prisão acusada de homicídio, ganhou reverência e fama entre as mulheres por sua coragem. Após 10 dias na prisão, foi apedrejada no Estádio Ghazi.

A história não termina com o apedrejamento de Mariam, tem que ler o livro pra saber o final... mas Khaled Hosseini tem um modo todo especial para contar suas histórias. São personagens tão humanos, tão verdadeiros. Sofre-se com eles, fica-se ansioso com eles... No O caçador de pipas, mostrou-se o drama aos olhos de um menino, o lado masculino do Afeganistão, o que é bem diferente da realidade feminina. Lógico que uma guerra afeta a todos, mas no caso do Amim, afetou financeiramente e geograficamente. No caso da Mariam, só o fato de ter nascido mulher já conta como ponto negativo num país como Afeganistão onde, mesmo antes da guerra, as mulheres tinham um papel secundário na sociedade, adiciona-se os fatos de ter sido uma harami, ter casado com um tirano e ainda ter o Talibã...

É uma história ao mesmo tempo devastante e inspiradora, que mostra que o amor e amizade sobrevivem ao tempo, a miséria, ao ódio e as mais terríveis provações de uma guerra.
"Ninguém pode contar as luas que brilham nos seus tetos,
ou os mil esplêndidos sóis que se escondem atrás de suas paredes."
(Saib-e-Tabrizi, poema sobre Kabul, séc. XVII)