Wednesday, May 8, 2013

Bel Canto (Ann Patchett)

Um país emergente da América do Sul decide fazer uma festa de aniversário para o magnata japonês Sr. Hosokawa, com o intuito de chamar a atenção do empresário para investir naquele país. Para ter a certeza de que o convite não seria negado, o país também convida Roxane Coss, uma cantora de ópera muitíssimo famosa, e de quem Sr. Hosokawa é um fã incondicional. Convite aceito, são colocados na lista tantos outros nomes poderosos... diplomatas, políticos, cientistas e médicos famosos, gente de todas as partes do mundo.

Roxane Coss encanta a audiência, todos estão hipnotizados por sua voz melodiosa. Até que a festa é invadida por terroristas locais que tomam os convidados como reféns.

''Além de sofrer o que os outros sofreram, Sr. Hosokawa carregava o fardo da responsabilidade. Todas essas pessoas haviam vindo para sua festa. Por concordar a comparecer a uma festa a qual ele sabia ter pretensões falsas, ele contribuiu a pôr em perigo a vida de cada um naquele lugar.'' (pag. 31)

Após negociações com a polícia e a Cruz Vermelha, crianças, mulheres e doentes são liberados, com exceção de Roxane Coss. Ela era valiosa demais para deixa-la ir, os sequestradores acreditavam que seus pedidos seriam acatados se a mantivessem em cativeiro, que as negociações correriam mais rapidamente porque o mundo exigiria uma finalização rápida desse evento.

Dias, semanas, meses se passam... a mídia já não dá mais atenção ao sequestro, já havia virado notícia velha. Sequestradores e reféns desenvolvem um convívio cordial, criando vínculos de amizade, outros vínculos amorosos. Pessoas tão diferentes, de costumes, crenças, níveis sociais se misturam numa simbiose estimulante... mantendo no centro a soprano Roxane Coss.

Confesso que esperava mais de Bel Canto. Li porque está na lista da Rory Gilmore. Apesar de ser interessante analisar a progressão psicológica dos personagens e seu comportamento durante o sequestro, a história fica monótona, o sequestro se arrasta pelo livro todo e já não via a hora de acabar. Esse pra mim foi daqueles livros que eu verificava quantas páginas faltavam até acabar e não tem coisa pior que ler um livro esperando pelo fim.

Eu gostei do estilo de escrita da Ann Patchett, apesar de o foco ser a soprano Roxane Coss, ela desenvolve bem os personagens e no fim você sabe a condição de cada um, seus sentimentos, ânsias e medos, mas ao mesmo tempo ela te surpreende com as ações deles, de tal modo que o final foi mais do que inesperado... eu diria mais, foi surpreendente (e não digo isso no positivo).

''A mulher que você ama é uma garota que se veste como um garoto e mora numa aldeia na floresta, cujo nome você não pode saber, não que saber o nome ajudaria de alguma forma se tentasse encontra-la. A mulher que você ama guarda sua arma ao lado de um bote azul escuro para que você possa ensina-la a ler. Ela entrou na sua vida pela tubulação do ar-condicionado e como ela sairá é uma pergunta que lhe mantém acordado durante o pouco tempo livre que tem para dormir.'' (pag. 203)

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