"Nesse lugar, livros esquecidos por todos, livros que se perderam no tempo, vivem para sempre, esperando pelo dia em que estarão nas mãos de um novo leitor. (...) Cada livro que vês aqui já foi o melhor amigo de alguém." (Carlos Ruiz Zafón, The Shadow of the Wind - A sombra do vento)
Thursday, June 25, 2009
San Francisco...
Monday, June 22, 2009
The island (Victoria Hislop)
Wednesday, June 17, 2009
Dub FX
O cantor, DJ, backing vocal, e tudo mais, chama Dub FX, é de Bristol na Inglaterra e como muitos cantores anônimos fazem hoje em dia, decidiu colocar seus vídeos no youtube... de um talento impressionante e a voz bem gostosa de ouvir (fora o fofo sotaque inglês que eu acho encantador!), eu aposto que em breve todos vão saber dele!
Thursday, June 11, 2009
No! I don't want to join a book club (Virginia Ironside)
- Penny: amiga e confidente, divorciada, desesperada por um namorado, não entende o porque de Marie desistir de SEXO só porque chegou as 60. Começa a busca pelo par ideal pela internet, onde conhece (entre tantos outros) Gavin, um hippie de 30 anos, dono de uma loja de cristais em Glastonbury. Ao dizer a Marie que passarão a noite juntos na próxima sexta, mantêm um dos diálogos mais hilários do livro.
"(...) lembrando da última vez que fiz sexo. Depois da menopausa a vagina fica completamente seca e miserável e fazer sexo é como ter alguém esfregando uma lixa dentro de você.'' (pag.103)
Marie oferece KY Gel para Penny, guardado há anos e anos numa gaveta secreta onde Marie esconde desde venenos à demais remédios vencidos (em caso de querer cometer suicídio... você nunca sabe quando pode precisar!)
Logicamente, após a noite de sexo, Gavin desaparece e deixa Penny com uma cistite que dura meses.
- Hughie e James: um casal gay, amigos confidentes e de bebedeira de Marie. São responsáveis por diálogos cultos e cheios de ironia. Hughie um fumante compulsivo, descobre quase no final do livro que tem câncer no pulmão após anos evitando ir ao médico... morre pouco tempo depois do diagnóstico, não sem antes preparar seu próprio velório, tomar todo o vinho que tem direito e deixar meio caminho andado para Marie e Archie.
"Como disse Bob Hope, eu acho: Aos vinte nos preocupamos com o que os outros pensam de nós, aos quarenta não nos importamos com o que pensam, e aos sessenta descobrimos que eles nunca nem pensaram na gente.'' - Hughie (pag. 138)
- Archie: amigo de colégio e por quem um dia Marie foi completamente apaixonada (de escrever em páginas e páginas de seus cadernos - EU AMO ARCHIE! EU AMO ARCHIE!), sempre mativeram contato e agora que Phillipa, sua esposa, faleceu, Marie e Archie se aproximam com a ajuda de Hughie.
- Michelle: uma jovem francesa, filha de um casal de amigos, vem para a Inglaterra para estudar inglês e hospeda-se na casa de Marie. O que estava previsto para ser uma pequena estadia, acaba virando uma temporada e Marie testemunha os acontecimentos da vida de Michelle... sexo, drogas e poesia.
Com toda certeza Marie não é o retrato que todos têm de uma senhora de 60 anos! De uma sabedoria encantadora e um grande coração, Marie prende a atenção do leitor que vive com ela alegrias e pesares, mostrando que sentimentos, sejam eles quais forem, não têm restrição de idade, classe ou opção sexual.
Marie prova, com orgulho e bom humor, que a vida também pode começar aos 60, 70, 80....
Thursday, June 4, 2009
The book of laughter and forgetting (Milan Kundera)
The book of laugher and forgetting - O livro da risada e esquecimento - relata fatos e histórias ocorridos no período da repressão comunista e a invasão Russa em Praga, capital da República Tcheca, começando em 1948.
O interessante é que Kundera mistura histórias fictícias com realidade, a sua realidade durante o período sombrio em que jornalistas, escritores, professores universitários, filósofos, poetas e demais cidadãos que não concordassem com o sistema comunista, eram perseguidos, presos e muitas vezes mortos, ou viam-se obrigados a abandonar o país, buscando exílio em países vizinhos.
Sendo um deles, Kundera perde o privilégio de trabalhar e tendo conhecimento de que os invasores russos proibiram qualquer um de o empregar, começa a escrever uma coluna astrólogica (rs) semanal numa revista de grande circulação, usando o pseudônimo de "importante físico nuclear"... tudo isso à pedido de R. (uma jovem tímida, delicada e inteligente, editora da revista).
''A única parte divertida disso era a minha existência, a existência de um homem apagado da história, da referência literária de livros, e até da lista telefônica, um cadáver trazido de volta à vida na incrível reincarnação de um pregador fazendo sermão a milhões de jovens socialistas nas suas grande verdades astrológicas''
Durante o período em que escreveu a coluna Kundera recebeu o pedido para fazer o mapa astral de um oficial do alto escalão comunista (secretamente, claro!). Não durou muito tempo, R. foi pressionada pelo sistema para revelar a identidade do físico nuclear. Temendo pela vida dos seus amigos e principalmente de R., Kundera abandona Praga a caminho de Paris.
As histórias são as mais variadas possíveis... a história de Gottwald, um líder da revolução que havia sido morto, junto com os seus... e dele só restava a boina.
A história de Mirek que um dia fora líder e agora via-se seguido onde quer que fosse, durante muitos anos foi amante da feia e velha Zdena que agora derramava lágrimas por Masturbov.
Marketa e Karel recebem a visita da mãe de Karel. Marketa que nunca gostara da sogra por ter sido destratada enquanto morava com ela, vê-se obrigada a recebê-la em sua casa após tantos anos. A visita coincide com uma das visitas da amiga (apresentada como prima) Eva, que visita de tempos e tempos para apimentar a relação de Marketa e Karel - Eva na verdade é amante de Karel, que fez um esquema para que a amante e a esposa se conhecessem, virassem amigas e tivessem ''suas festinhas'' para melhorar a relação - sexo grupal.
As duas estudantes americanas em Praga, Michelle e Gabrielle, tem como tarefa de casa analisar e apresentar perante a classe o texto de Ionesco - Rhinoceros. Equivocadas nas suas análises, vêem seus colegas de classe às gargalhadas no dia da apresentação. Humilhadas e aos prantos, percebem a professora - Madame Rapahel - também às gargalhadas por ter confundido os prantos e o movimento do corpo das alunas como a dança que ela sempre quis dançar e nunca teve coragem. A história termina com a professora e as alunas em círculo dançando e gargalhando.
''Um homem possesso pela paz jamais para de sorrir"
O único personagem que Kundera realmente diz criar é Tamina - "Bem, dessa vez, só para deixar claro, minha heroína pertence a mim e somente a mim (...) Eu a imagino alta e bonita, 33 anos, e nascida em Praga." (pag. 79)
Tamina tem uma história sofrida, abandonou Praga com o marido Mirek após a invasão, deixando para trás não só a família, as lembranças, mas também da sua vida, percorreram várias cidades Européias até a morte de Mirek, trabalha como garçonete num café numa cidadezinha provinciana no oeste europeu. Deposita suas esperanças de ter de volta as cartas escritas pelo marido e deixadas em Praga em Bibi e Hugo, o que não acontece. Seu irmão, com quem não fala a anos é responsável pelo resgate das cartas da casa da sogra, agora nas mãos de seu pai, informada que as cartas foram lidas. É como se tivessem invadido sua vida, devastada jura nunca mais ver o pai e o irmão. Ao tentar fugir para uma vida sem dores, vê-se numa ilha cercada por crianças, por ser o único adulto na ilha, é vítima da curiosidade sexual das crianças, que a abusam e dão prazer. Morre ao tentar fugir da ilha.
Kundera tem essa forte característica de ser extremamente sexual, o tema é abordado abertamente e sem pudores ou tabus em várias histórias, incluindo a de Jan, que ao saber que deixará o país, decide participar da festa na casa Bárbara, conhecida por promover noites de orgias. Jan quer cruzar a fronteira, não apenas a fronteira que separa dois países, mas a fronteira da liberdade sexual, a fronteira que libera seus desejos mais secretos, dos desejos que ele não mais quer controlar, reprimir.
Essas e outras histórias ilustam o livro de Kundera, é difícil falar de todas elas mas o que é interessante no livro é a mistura de ficção e realidade, de prazer e sofrimento, comicidade e aquela sensação de ridículo das situações da vida. Momentos que nos trazem alegrias, outros em que "rimos para não chorar", e tantos outros que são bem melhores longe da nossa memória.
Se você não consegue separar seus princípios, sejam religiosos, éticos, morais, etc., quando ler um livro, é melhor nem começar a ler porque alguns podem se chocar com o estilo de Kundera mas para aqueles que lêem por prazer... Kundera é uma surpresa, provocante, ardente sem esquecer das dores, desamores e desastres de uma guerra.
"Romances gráficos são frutos da ilusão humana que nos fazem entender o ser humano"