Saturday, February 26, 2011

Poema de Sábado

Desire
Desejo

Ah, in the past, towards rare individuals
Ah, no passado, para com poucos indivíduos
I have felt the pull of desire:
Senti aquele fogo do desejo:
Oh come, come nearer, come into touch!
Oh veja, aproxime-se, toque-me!
Come physically nearer, be flesh to my flesh-
Aconchegue-se, seja pele na minha pele-

But say little, oh say little,
Mas diga pouco, oh não fale nada,
and afterwards, leave me alone.
e depois de tudo, deixe-me sozinho.
Keep your aloneness, leave me my aloneness,
Deixe comigo sua solidão, e me deixe com a minha solidão,
I used to say this, in the past, but now no more.
Era isso o que dizia, no passado, mas agora não mais.

It has always been a failure
Isso tem sido sempre um grande fracasso
They have always insisted on love
Elas sempre acabam insistindo no amor
and on talking about it
e em falar sobre ele
and on the me-and-thee and what we meant to each other.
e no você-e-eu e o que significamos um para o outro.

So now I have no desire any more
Então não mais tenho desejo algum
Except to be left, in the last resort, alone, quite alone.
A não ser o de que me deixem, como último recurso, aqui sozinho.

(D. H. Lawrence,
do livro Erotic Works
of D. H. Lawrence, pag 557)

Sunday, February 20, 2011

A Thin Man (Dashiell Hammet)

"Alto -mais de 1,60m de altura- e um dos homens mais magros que eu já vi na vida. Ele deve ter uns 50 anos agora, e os cabelos já estavam ficando grisalhos na última vez que o vi. A primeira impressão que tive é de que ele precisava cortar o cabelo, bigode ralo, e unhas roidas." (pag. 9)

Se mistério é o seu estilo, The Thin Man - O Homem Sombra, em português - é um livro que não se pode perder. Com uma mistura de James Bond e Sherlock Holmes, Nick Charles, o nosso protagonista, não demora muito para causar no leitor uma sensação de familiriadade, como se as aventuras de Nick, relatadas aos poucos no decorrer da história, tivessem sido testemunhadas por nós leitores, em outros livros do autor - o que, infelizmente, não é o caso, uma vez que, The Thin Man é o único livro de Hammett em que Nick Charles aparece.

O livro virou seriado de TV na década de 50 e também gerou uma série de filmes em que o personagem acabou sendo desenvolvido, mas não na versão original de Hammett.

Nick Charles é um detetive "aposentado" que gasta seus dias de casado desfrutando da vida boa que a fortuna da esposa, Nora,  proporciona ao casal. Logo que chegam a Nova Iorque para passar as festas de fim de ano, Nick se vê no centro de uma trama misteriosa - Julia Wolf, a secretária / ex-amante de Clyde Wynant é encontrada morta pela a ex-mulher do próprio. O que Mimi Jorgensen fazia no apartmento de Julia? Qual motivo teriam para assina-la? Quem seria o assassino?

Nari foi quem decidiu escolher The Thin Man para o nosso BookClub de Janeiro, e essa foi a primeira obra que li do Dashiell Hammett. Hammett tem um estilo que me agrada bastante, ele é casual e coloquial sem vulgaridade, sem ser pejorativo. Nick Charles tem o charme do agente 007, causa efeito nas mulheres ao seu redor daquele mesmo modo que Bond faz, mas tem a sutileza e inteligência do Holmes. Eu não consegui descobrir quem foi o assassino, só me caiu a ficha quase no final da história!

Sem se envolver, mas já envolvidos, Nick e Nora, entre copos de whiskey, encontros e conversas, veem a história se desenrolar e tantas outras descobertas serem feitas. Tudo isso, enquanto aos poucos, o leitor fica conhecendo o Nick Charles dos velhos tempos, e o legado deixado pelo famoso detetive.
"(...)E a propósito, eu não tenho tido tempo: tenho estado muito ocupado administrando os teus bens, para ter certeza que não percas todo aquele dinheiro que me fez te pedir em casamento" (pag. 13)

Saturday, February 12, 2011

Poema de Sábado

Das Ilusões

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!

(Mario Quintana, do livro Espelho Mágico,
 pag. 31)

Saturday, February 5, 2011

Poema de Sábado

XXIX

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
Do que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...

Tuesday, February 1, 2011

"Mas foi a copulação cara-a-cara dos bonobos, sexo grupal, sexo oral, e a masturbação que causou a maior estranheza, porque relembravam a sexualidade humana tão de perto. Em público, até mesmo os espectadores mais contidos se abriam em gargalhadas nervosas, ou no mais profundo silêncio e desviavam o olhar. Muito frequentemente víamos cientistas sentados em suas cadeiras ficarem vermelhos, controlando-se para manter aquela expressão de 'Não vou desviar o olhar. Não estamos chocados'".
(Ape House - A casa dos primatas, Sara Gruen, pag. 177)